Sejam bem-vindos ao episódio 287 do Mangá², o podcast semanal de mangás mais infantil do mundo.

Neste programa, Judeu Ateu e Estranho fazem mais um mangá enquadrado, desta vez analisando a representação da criança, abandono parental, e como viver num mundo de sofrimentos, na obra prima de Taiyo Matsumoto: Sunny.
Neste programa, damos nossa impressão sobre a obra, o que ela faz bem, no que ela falha, analisamos personagens, metáforas, simbolismos, e comentamos o porquê de gostarmos tanto dela! Tudo isso com spoilers!
Contato: contato@aoquadra.do
Cronologia do episódio
(00:20) Sunny
(1:06:00) Leitura de e-mails
(1:13:40) Recomendação da Semana – Into the Light Once Again
Slowpoke Report: Dorohedoro
meu começo com Dorohedoro não foi lá o dos melhores. Quando li os 6 primeiros volumes, lá pra 2018, eu achei tudo muito bagunçado; não sentia que todas aquelas microinterações entre os personagens iriam pra algum lugar…. Mas aí, eu peguei pra dar uma segunda chance, lendo de bloco em bloco q nem vcs fizeram no Re: Enquadrado, e nossa, parece até outro mangá.
Não vou dizer que a leitura foi completamente fluida pra mim. Talvez seja culpa da scan também, mas a arte sujona e os muitos diálogos sobre os mistérios do Hole foram me dando uma cansada lá pela metade do mangá, quando já não dava mais pra responder uma pergunta sem dar toooodo o contexto da cena. De toda forma, eu fiquei muito satisfeito em ver que as expansões de lore continuaram respeitando o que já havia sido estabelecido nos primeiros volumes. Nada é mais prazeroso do que sentir, já na primeira leitura, de que o mangá vai parecer ainda melhor numa releitura. Meus exemplos favoritos são relação completamente caótica dos demônios com os magos, e a contínua valorização da amizade (sem agredir a banalização da vida que o mangá sempre expôs).
Quanto a reta final, e a importância meio desproporcional que o Kaiman vai ganhando, eu meio que concordo com as críticas que vcs fizeram no programa. As origens do personagem, e todo o caminho até isso ser descoberto, se pagam bastante, mas a forma que ele lida com esses dilemas não traz nada de interessante pra história. Não que eu não tenha ficado feliz com ele e a Nikaido finalmente voltando pro Restaurante lá, mas parece que todo aquele plot de amnésia e perda de identidade foi muito mais um inconveniente na vida do Kaiman, do que uma experiência que o fez refletir sobre o que realmente era importante pra ele.
Meu personagem favorito provavelmente foi o En. Eu não sei, ver o jeito que ele fez todo aquele mundo viver em função dos poderes dele me fez gostar de todos os momentos em que ele aparecia, e principalmente, dos momentos onde ele já não podia mais aparecer. Já era interessante ver o personagem mais apelão do mangá não ter mais o controle de tudo, mas quando ele é morto, e a gente começa a ver tudo indo pro caralho, dá pra perceber pq os seus subordinados foram tão longe para revivê-lo. Chega a ser meio triunfante quando ele retorna, derrota o Seu Barriga usando o máximo das duas capacidades, salva a galera dele e ainda retoma o “cartel” dele… .No final das contas, a amoralidade do mangá trabalhou muito a favor dos personagens.
Dos mangás de porrada que eu já li, Dorohedoro é um dos que mais se arrisca, tanto na condução dos personagens quanto do enredo. Talvez ele não venha a ser o seu favorito, mas é com certeza uma leitura obrigatória pra quem acha que não dá pra fazer algo único nesse gênero.
Slowpoke Report: Kanata no Astra
os fãs de Sket Dance que me desculpem, mas esse mangá é do caralho!
Tem um monte de coisa que foi me ganhando conforme eu ia maratonando os volumes, mas acho q o mais me pegou foi o equilíbrio entre os vários “gêneros” de mangás q ele faz: ele é com certeza um survival de adolescentes, mas sem aquele cinismo misantrópico de Battle Royale e afins; ele também é uma “aventura num mundo vasto” alá One Piece e Toriko (nos seus melhores dias); e termina sendo uma ficção científica muito mais rica tematicamente do que todos os foreshadowings poderiam sugerir. Me lembrou muito um anime de 2011 chamado Shinsekai Yori (conhecido como From the New World), cuja “temática escondida” também é “a impossibilidade de se construir uma nova sociedade escondendo todas as mazelas e violências do passado”. Não sei se eu tô sozinho, mas eu fiquei investido no mangá até o final.
Mas tudo isso não funcionaria se não fossem as ótimas interações entre os protagonistas, e pqp, o Shinohara acertou demais nisso. Eu concordo que nem todas foram interessantíssimas; mas a boa condução do ritmo e as inúmeras cenas dos alunos conversando/debatendo/reclamando/zoando transmite muito a sensação de que aquela viagem realmente os aproximou como uma família.
As piadas em relação aos tropes que cada um representa são ótimas (principalmente as com o Kanata ser um grande Capitão Óbvio ou a Aries ser tapada). Me deram a sensação de que aquela discussão sobre a modernização do romcom tbm estar acontecendo em outros gêneros, no sentido dos autores estarem cada vez mais confiantes em usar os tropes conhecidos para algo maior. Gostei muito.
Quanto ao twist final, eu tbm acho q ele precisava de mais uns passos na explicação pra ele soar 100% condizente, e acho q a reação dos personagens tbm poderia ser um pouco menos blasé. Se o fato deles serem clones se relacionasse um pouco mais com o apagamento histórico global, talvez isso tivesse mais impacto. Mas fazer isso seria um trabalho muito difícil, assim como já deve ter sido deixar todas aquelas pontas amarradinhas (até as q n precisavam, tipo o Aries = Seira). Pode não ser a lore mais crível do mundo, mas ainda a vejo como um bom exercício de imaginação.
Em geral, eu sempre gosto de ler mangá tudo num tiro só. Mas Kanata no Astra é um que eu gostaria de ter acompanhado cap a cap, junto com mais uns 5 nego numa call do discord.
nota pessoal: 9/10
slowpoke report
Terminei de ler Fire Punch e que pórra de viajem doida de acido foi essa, foi a historia mais doida que eu li na minha vida, e não sei dizer se foi bom ou ruim, chegou num ponto que eu não sabia se o autor queria realmente dizer algo ou se só estava brincando de fazer um plot twist absurdo a cada capitulo
E o final é bad pra caraio preciso de um psicólogo, mas antes tenho que ouvir o podcast de vocês sobre pra ver se entendendo do que aconteceu nesse mangá