Sejam bem-vindos ao episódio 223 do Mangá², o podcast semanal que vai atropelar a concorrência.
Neste programa, Judeu Ateu, Estranho, Gustavo Boxa, Leonardo e Izzo (Dentro da Chaminé) tentam novamente fazer um mangá original. Utilizando todos os clichês e tropes, desta vez tentamos fazer um mangá baseado numa franquia, um mangá criado somente para vender brinquedos e deixar o Quadrado-sensei milionário.
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Cronologia do episódio
(00:00:25) Um Mangá de… Franquia
(00:59:00) Leitura de Emails
(01:11:00) Recomendação da Semana – O homem que passeia
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Aeeee adoro esse quadro! E como assim vcs tão sem ideia pro quadro? Mangá de Mecha, Mangá de Terror e por ai vai, tem tantas idéias! É só pedir que agente oferece as idéias pra vcs (Não deixem o quadro Um Mangá De… morrer!)
Sobre esse mangá ai, eu só tenho a rir, tanta vergonha alheia, adorei a ideia! Mas eu iria por um outro lado, usar animais é meio que ultrapassado, a ideia agora é usar seres antropomorfizados! Que façam os trens virarem humanos e lutarem alá servos de fate. kkkkk Fica a dica!
A gente discutiu bastante já e não achamos que tem algum que dá pra fazer.
Mecha, por exemplo, conhecemos pouco pra fazer algo significativo.
Terror pensamos que não tem como fazer algo que vai além de discutir qual é o truque do susto e nada mais, ficaria chato rapidamente.
Acho que a gente deve ter passado pelos gêneros do MangaUpdates umas 20 vezes já procurando tema, lol!
Assim se quiserem ajuda pra entender alguns temas podem perguntar pra gente que agente ajuda, eu por exemplo explico de boas quais seriam as regras “principais” pra fazer um mangá de robos gigantes por exemplo, inclusive passa-se essas regras a imaginação de vcs tomaria conta, pq é um gênero que abraça bem muitas coisas. Mas ai é com vcs…
Mecha seria uma boa
Aquele “Um mangá de… Shoujo escolar!” vocês chamaram três garotas que entendiam de shoujo, e ficou muito bom.
Mecha seria uma boa³
Como vocês chegarem no termo mono-no-aware? Curioso que quando um amigo meu contou sobre ele uns 5 anos atrás passou a ser tudo que eu buscava em produções artísticas, fiquei cego com o negócio achando que tinha alcançado o ápice da minha sensibilidade para arte. Via um personagem rolando em um campo florido, uma cerejeira caindo, qualquer aspecto interiorano, da natureza ou até mesmo urbano depois, fachada de lojas, semáforos, postes de luz, lojas de conveniências, isso tudo me causava o sentimento e com o tempo fui percebendo mais e mais coisas do mundo que me faziam sofrer assim. Enfim, acabei notando que eu não tava evoluído, mas que apenas criei uma percepção fetichizada de arte, qualquer cena que atendesse algumas noções internizadas de beleza, evocava esse sentimento em mim, e que tem várias obras que sabem disso e acabam por tentar explorar conscientemente essas noções de beleza sem ter um olhar mais aguçado ou criar nada de fato, só a “coisa” bruta mesmo a fim de atingir esses gatilhos que já existem em nós. Não é o caso de O Homem que Passeia, mas tem vários mangás assim por aí (coff coff Aria coff), notei que o Japão é o principal produtor desse tipo de conteúdo, fiquem ligados.
E mais importante, é muito mais complicado uma obra se elevar acima dos nossos narizes do que abaixo (excluindo o inferno). Olhar para as pequenas coisas pode ser bom, mas ficar estarrecido diante de uma grandiosidade inexorável, transcendental, quase sagrada, é muito mais forte e difícil de se atingir. O ápice da arte é atingir Deus e não a terra.
Mono-no-aware é um termo que descobri por meio dos mangás mesmo, pesquisando mais sobre o gênero slice-of-life.
Essa piscadinha pra Aria, pior que eu também não acho que ele tá no mesmo nível de Yotsubato e Yokohama p.e., é mais gratuito realmente.
Sobre Japão ser um grande produtor desse tipo de conteúdo, uma curiosidade que sempre pensei em relação ao mono-no-aware, e que nunca vi ninguém comentar, é que na literatura ocidental a gente teve toda a fase a do Arcadismo que compartilha muitos aspectos dessa ideologia. O sentido original de “carpe diem” está justamente na apreciação do efêmero, do momento. Não é completamente a mesma coisa, mas acho próximo o bastante e curioso por talvez ser algum tipo de sentimento realmente intrínseco do ser-humano.
Eu quero muito ler um mangá disso
Faz um tempinho que não faço um Slowpoke Report, então ficam aqui um monte de opinião, começando com as duas mais impopulares.
O Homem Que Passeia foi meu grande desapontamento do ano passado em termos de quadrinhos. Adoro mono no aware, YKK talvez seja meu mangá favorito, tava super animado pra ler, mas acabei achando um tanto frustrante. Acho que o ambiente mais realista usado pelo Taniguchi acaba agindo um pouco contra o mangá: em vez de eu tentar relaxar e apreciar a vida, eu acabava ficando com raiva que a vida desse cara era tão mais tranquila que a minha (ele se dá ao luxo de chegar atrasado no trabalho duas vezes!)
Tinha lido Gunnm anos atrás, mas reli tudo em dezembro pra ouvir o Mangá Enquadrado, e nas duas vezes achei o mangá meio underwhelming. Estruturalmente acho meio bagunçado, com personagens secundários aparecendo do nada e se tornando importantes demais pra história, e acho que as ideias temáticas são legais mas exploradas de maneira mais interessante em diversas outras obras sobre robôs e futuros distópicos.
Indo agora pra coisas menos polêmicas, o final de Kanata no Astra me desapontou bastante: mangá introduziu uns conceitos pro mundo que poderiam render uns dez fascinantes volumes e decidiu amarrar em três capítulos de um jeito rápido e sem graça. Meh.
Pra não dizer que não gosto de nada, li Crimsons uns tempos atrás e achei que executou muito bem a premissa do battle shonen sobre salmões, usa um monte de clichês (alguns deles cansativos, especialmente o subplot do professor e da estudante) mas molda eles bem pros particulares da vida dos salmões. Achei bem divertido.
E também li Copernicus no Kokyuu, que é só um mangá bem daora mesmo. Visual interessante, personagens interessantes, conceitos interessantes, desenvolvimentos interessantes. Curti.
Caraca ninguém liga pra Psycho pass? tava pensando em começar, parece mó bom.
Bom programa pessoal, mas acho importante discorrer um pouco mais sobre a importância do Batoré, que, além de ser integrante da Praça, também foi, por muitos anos, vereador da minha maravilhosa cidade de Mauá. Agradeço muito a homenagem ao ídolo.
Guguliberal aqui.
Dessa vez, não terminei muitas histórias, mas li alguns primeiros volumes, então serão mini Slowpokes Reports.
Vagabond
Consegui ler esse mangá através de 3 meio tankos que me emprestaram há uns dias atrás, e mesmo tendo lido apenas o começo dessa obra, já consigo entender o porquê de tantos amarem o mangá. Na verdade, eu acho que se ler mais alguns volumes, vou acabar tendo o mesmo sentimento. O que posso dizer é que o autor realmente tem um traço detalhado que nunca parece sujo, uma quadrinização muito fluída, e uma grande habilidade para criar personagens interessantes.
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Nausicaä do Vale do Vento
Nunca imaginei que leria algum volume desse mangá, já que o filme por si só é a satisfatório em um nível na qual você sente que não precisa ir atrás do original. Mas agora que eu li o mangá, sinto uma grande vontade de ler os volumes posteriores, por mais que eu já saiba do enredo. O motivo disso é bem simples: o Miazaki também desenha e escreve muito. Personagens interessantes e sutilmente aprofundados, uma quadrinização carregada de diálogos contendo informações que desenvolvem o enredo, e obviamente, um worldbuilding que já te conquista logo nas primeiras páginas, pela incrível combinação entre detalhamento e contemplação que o autor habilmente mantém durante o primeiro volume. E se alguém gostou das roupas dos personagens de The Music of Marie, ou das interações dos habitantes da cidade dos Domadores de Insetos (em Gigantomachia), sugiro que dê uma olhada em Nausicaä.
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Pluto
“Nem parece mangá”, é o que alguns colegas diriam se lessem Pluto. Na verdade, até eu me senti assim durante a leitura kkkkkkk. Talvez eu sinta isso por essa ser a primeira obra do Urasawa que comecei a ler, mas não dá pra não comentar sobre como esse enredo já dá impressão de que está perfeitamente amarrado e distribuído em seus 8 volumes. As transições de um capítulo para outro são orgânicas a ponto de alguns se dedicarem ao desenvolvimento de secundários, e você instintivamente perceber que esse elemento será fundamental de uma forma que você logo verá nas próximas páginas. Além disso, as temáticas da obra já recebem algumas abordagens que, por si só, já são dignas de debates e reflexões. A sutileza presente em Pluto me impressionou muito. O enfoque na expressão facial dos personagens foi a coisa que eu mais gostei até agora. Se um dia sair o enquadrado do mangá, eu estarei entre os primeiros a comentar o post.
Paralelamente a esses primeiros volumes que li, eu também terminei alguns mangás pequenos.
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Slowpoke Report: Watashitachi no Shiawase na Jikan
Esse foi um dos vários mangás que li logo depois de ouvir a recomendação de vocês. Nos primeiros capítulos, achei que a história fosse realmente um dramalhão, como tinham dito. A bondade do diretor da prisão me parecia no mínimo estranha.
Mas ao ver os comentários que os personagens faziam sobre a situação em que eles se encontravam, fui percebendo que os problemas que eles enfrentam são realmente muito possíveis de existirem na vida real. E o fato dos personagens estarem sempre conversando sobre a vida deles não apenas contribui para o aprofundamento e o desenvolvimento de cada um dos envolvidos, como também conduz o leitor a pensar sobre o próximo e sobre si mesmo de uma forma muito mais voluntária e sincera que a usada em muitas histórias que tentam te fazer se sentir culpado pelos problemas do mundo.
Falando sobre a temática, Watashitachi foi a primeira obra que me fez pensar sobre a temática da pena de morte. Ao contrário do que pode parecer, o mangá não se trata de um simples julgamento de valor da validade de executar um criminoso. Lendo os 8 capítulos que compõem a história, podemos ver que a temática é abordada de uma forma muito mais intimista que filosófica, o que contribui para que o leitor pense sobre o tema por um ponto de vista, que numa discussão comum, seria ignorado. Isso pode ser observado quando o diretor comenta sobre os criminosos do corredor da morte passarem meses (ou até anos) em completa solidão; algo que se pensarmos bem, já é algo bem terrível para qualquer indivíduo. Não digo isso para que você leia e sinta dó do prisioneiro, mas para que não nos esqueçamos das implicações que nossos julgamentos podem causar.
Acho que no final, Watashitachi no Shiawase na Jikan expõe o tema, e tenta aborda-lo com a maior pluralidade que lhe é possível. O trabalho de julgar os argumentos e dar a sentença fica com a gente.
(Spoiler Alert)
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Não sei se gostei do passado do criminoso meio que “inocentar” o assassinato que ele comete. Acho que isso conceitualmente tira um pouco do brilho da obra, porque o mangá sugeria que ele tinha matado o menino e a mãe por uma súbita inveja à felicidade deles, o que dá uma carga mais trágica e realista para o protagonista e para a temática da obra. Quando o mangá desmente isso, (dizendo que a mãe e o filho morrem porque ele esbarra nos dois, o que os faz cair nos trilhos e serem atropelados pelo trem), o dilema da obra regride de um “vão matar um criminoso arrependido” para um “vão matar um inocente”. Essa mudança por si só já vai contra toda a construção desenvolvida nos capítulos anteriores, mas acredito que ela representa uma espécie de medo da autora em fazer um protagonista que realmente é culpado pelo crime que ele é acusado.
Essa ideia que a ficção cria sobre pessoas “boas” só matarem por vingança, apesar de muito aceita, nem sempre condiz com a realidade.
Um protagonista que antes era um Punpun, acabou se transformando num Sasuke kkkkkkk
Essa é minha única reclamação do mangá. Se alguém aí leu a obra também, gostaria que desse a sua opinião sobre isso.
Tambem li Slow Down, mas a única coisa que poderia comentar é que a obra consegue fazer uma ambientação claustrofóbica em poucas páginas. Acho que esse oneshot até poderia render uma adaptação pra anime ou episódio em Black Mirror.
Mas também vi dois animes nessas últimas semanas, e como amei os dois vou comentar sobre eles também.
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Slowpoke Report: Haikyuu
YESSS!
Terminei as três temporadas na semana passada, e simplesmente amei acompanhar as partidas do Karasuno nesses episódios. Todo mundo recebe um pequeno desenvolvimento aqui e ali, e quando não recebe, já possui algum carisma pelas interações que vão tendo entre si.
A dinâmica do Hinata e do Kageyama é realmente sensacional. O companheirismo deles é muito bem construído, e parte disso é por eles também entrarem em conflito em alguns momentos. Ver eles separados também é muito interessante, já que isso contribui para o aprofundamento pessoal deles, e para o desenvolvimento das interações que eles tem com os companheiros mais “secundários”.
Além disso, os jogos são muito emocionantes. Voleibol sempre foi algo que eu participava durante as aulas de educação física, e ver o quão importante esse esporte pode ser para as pessoas foi algo que me impactou desde o começo. Somando a carga dramática ao dinamismo dos sets, tive três temporadas que me fizeram querer saber muito mais sobre esse maravilhoso esporte.
(E se um dia fosse jogar vôlei profissionalmente, seria graças a Haikyuu)
Outra coisa que gostei muito foi dos “dramas” que os personagens enfrentam ao longo da série. Não apenas os protagonistas, mas vários secundários passam por algum dilema que é muito relacionado ao esporte que jogam.
“É só uma partida”
“É só um ponto”
“Altura é o mais importante”
“Não sou bom o bastante”
“Estou velho demais pra isso”
Isso contribui para uma grande variedade de personagens com personalidades bem distintas.
Se não fosse por isso, as partidas nunca seriam tão interessantes como são.
Agora que vi o anime, pretendo começar o mangá. Tenho certeza que gostarei ainda mais da obra.
(E, puta que pariu, libero é a posição mais incrível do mundo).
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Slowpoke Report: Assassination Classroom
Koro-sensei é o meu novo personagem favorito!
Não sei se conseguirei expressar o amor que hoje sinto por essa história. Em termos comparativos, minha experiência com Ansatsu é similar a experiência do Estranho lendo Solanin pela primeira vez. Não, eu não estou exagerando.
Fui atrás da história após ler o excelente post do Leonardo que relaciona o mangá com a Escola. Objetivamente falando, educação é um tema que há meses tem me interessado muito, e por ainda estar no ensino médio, essa temática ainda me é muito identificável. Posso dizer que, como a Classe-E, eu fui aprendendo muito com as lições dadas pelo Koro-sensei. Suas falas sobre encarar os absurdos da vida com maturidade e esperteza me fizeram pensar muito sobre a minha relação com a minha escola atual, e acho que conseguirei lidar melhor com as qualidades e os defeitos dela nesse ano letivo que me aguarda.
Além dessa clara identificação que tive com Ansatsu, me surpreendi muito com a quase ausência de um protagonista durante todos os 47 episódios do anime. Ver cada aluno se aperfeiçoando em seus talentos, ou descobrindo novos, ou mesmo os aplicando de maneiras mais inusitadas, é pra mim a coisa mais incrível do mundo. A coisa mais incrível do mundo, sem sombra de dúvidas.
Muitas dessas abordagens são bastante moderadas (o que é até compreensível, já que a turma possui 28 fucking alunos). Ainda assim, conseguimos ver, com base na sala como um todo, que, de fato, todo mundo é bom em alguma coisa, por mais “inútil” ou “simples” que isso possa parecer.
Meu Deus, tem tanta coisa que eu gostei em Assassination Classroom kkkkkkk. A relação do Diretor com o Koro-sensei; as relações muito descontraídas que os alunos têm entre si; a criatividade do autor em criar os arcos mais loucos do mundo, e a capacidade de construi-los com uma surpreendente coerência; as piadas tentaculares do começo da história; as inúmeras referências que a obra faz a outras obras da Jump (incluindo NEURO kkkkk); o desenvolvimento do Nagisa e do Karma; a última chamada; o epílogo…….
Eu não vou dizer que a obra é perfeita. Tem algumas coisas que eu acho bem abruptas às vezes, umas que poderiam ser mais desenvolvidas, umas que talvez nem precisassem existir… Mas como vocês abraçam o Pegaso quando dizem que amam Oyasumi Punpun, eu farei o mesmo com Ansatsu, e tentarei falar dele para todos os meus amigos (e talvez até para os meus professores). Tenho certeza de que todos podem tirar algo dessa história.
Eu vim do futuro avisar que conseguiram fazer o filme live action do Pokémon.