Sejam bem-vindos ao episódio 222 do Mangá², o podcast semanal de mangás mais SJW do mundo.
Neste programa, Judeu Ateu, Estranho comentam sobre sobre a conversa em volta da cultura japonesa. Quais são as dificuldades de consumir uma mídia de outra cultura? Existe alum julgamento válido? Devemos aceitar ou criticar? Muitas perguntas e poucas respostas neste polêmico episódio.
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Cronologia do episódio
(00:20) Você, Mangás e Listas
(32:00) Leitura de Emails
(43:00) Recomendação da Semana – Astrounaut C.A.T.
Download (CLIQUE COM O BOTÃO DIREITO DO MOUSE E ESCOLHA A OPÇÃO “SALVAR DESTINO COMO…” OU “SALVAR LINK COMO…”)
Não estou falando isso como demerito mas esse podcast me pareceu meio como discussão de twitter, principalmente como ficou meio all over the place a discussão no geral, achei bem interessante a forma como vocês levaram o tema.
Eu não tenho nada meaningful pra dizer sobre esse tema, então queria perguntar uma coisa pro Judeu, por que eu me lembro que ano passado o Judeu vivia falando de Mr Robot e esse ano justamente na melhor season até agora ele não falou nada sobre, acho que nem no twitter ele falou algo, queria saber o que ele achou da temporada no geral, ou se ele sequer assistiu pra ser sincero.
Acho que tem um ponto a se estender nessas discussões sobre a cultura do Japão.
Quem comenta sobre o Mestre Kame costuma se focar apenas no ato em si, como se este fosse algo isolado, sem pensar em tom e nem no contexto da obra, de onde vem e como as pessoas de lá recebem isso. Se a cena está lá, de alguma forma alguém no Japão pensou que isso seria engraçado ou em outros casos, algo excitante (não acredito que é o caso de DB). Se for contabilizar, qualquer um que leu Dragon Ball sabe que o Goku criança apareceu muito mais vezes pelado em momentos cômicos do que qualquer outra mulher no mangá, temos a piada dele descobrindo que a Bulma não tem bolas, etc. Acho que é muito leviano pegar uma cena isolada de um mangá e fazer todo um comentários social lacrando na cultura e no povo alheio no seu Facebook, sem entender ou não querendo entender que, culturalmente, o povo japonês é muito mais receptível a humor sexual do que qualquer outro país do ocidente. Você encontra isso não apenas nos mangás, não apenas com mulheres. Nos mangás, temos um caso mais recente do Isshiki de Shokugeki no Souma, onde a graça do personagem é ele andar pelado mostrando a bunda. Na TV japonesa, temos vários exemplos de caras pelados ou de cueca fazendo palhaçada e todo mundo rindo, exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=H06I4m0XkJg
Imaginaria esse vídeo passando no Luciano Huck e todo mundo rindo? Acredito que não. A nudez é algo muito ofensiva para os olhos ocidentais, mas de alguma forma no Japão, mesmo com toda a repressão sexual ou talvez por conta dela, não sou antropólogo pra saber, vira obsessão humorística para eles. Teve vários humoristas que fizeram a carreira com humor sexual tanto na TV japonesa quanto no Niconico, volta e meia viraliza uns vídeos de lá e a gente começa a julgar daqui. A própria cultura do Sumo é um exemplo disso. Você encontra muito mais nudez nas pinturas japonesas do que em qualquer lugar do mundo. E por aí vai, exemplos não faltam.
Acho que o grande problema dessas problematizações de Facebook é que grande parte das pessoas é totalmente ignorante quanto à cultura e o contexto japonês. Parece só um exercício de apontar o dedo sem uma análise mais aprofundada de como aquilo se originou, como o povo japonês recebe e como devemos nos comportar quanto a isso. Estamos tratando de outros povos no final das contas, esse tipo de julgamento sem contextualizar nada, muitas vezes só reforça pensamentos preconceituosos que japonês é tudo porco pervertido machista e que deveríamos extermina-los. Quando muita vezes, é só entender que eles são muito diferentes da gente, apenas isso. Não estou sendo tão leviano a ponto de ignorar casos mais nocivos, mas acho que este específico de Dragon Ball, é só o humor deles mesmo.
Carijó, desculpa, mas seu argumento não faz sentido. Não falamos de nudez uma vez no programa, e o caso do Mestre Kame nada tem a ver com nudez.
Logo, não há sentido na sua alegação que o povo japonês é receptivo com humor sexual e a gente não; nudez é diferente de sexo, que é diferente de assédio sexual, o que torna a maioria do seus pontos levantados aqui como não aderente a nossa discussão central. Não há cultura que torne aceitável abusar sexualmente de alguém, esse foi nosso ponto principal da conversa.
E também acho que o exemplo do Isshiki bem infeliz para tentar relacionar e fazer ter o mesmo peso que uma objetificação feminina e o assédio do Mestre Kame, mas essa seria outra discussão.
Desculpa, mas na cena referida o Mestre Kame não assediou ninguém não, quem escolheu mostrar foi a Bulma, que inclusive, sempre se mostrou uma personagem com a sexualidade livre e dominante nessas situações, questões de trocar o corpo por favores, não tem nada de assédio nisso se a personagem tem plena consciência do que está fazendo. Em vários outros momentos na série ela usa o corpo pra obter vantagens, um trope bem antigo inclusive. Só o que resta de polêmico na cena é a taradice do Kame e a nudez, e essa em momento algum é colocada de forma sexual. Tem diferenças claras de abordagem entre algo humorístico utilizando a nudez e algo puramente fetichista, só isso que quis mostrar, que pra eles essa diferença está bem delineada e por aqui parece que não.
Você tá falando da cena que a Bulma ergue o vestido? Não estávamos nos referindo a essa no programa. Estamos falando das vezes que ele chega já apalpando e agarrando as personagens femininas, que acontece bastante, principalmente no anime antigo.
Sim, já teve vários textos sobre essa cena rodando no facebook, a foto que usaram no episódio é do capítulo em questão e vocês citam a Bulma na conversa, achei que vocês estavam se referindo a essa cena e uma possível discussão de uso do corpo da mulher e tal, que nessa eu acho ok. Foi mal pelo texto sem direcionamento de qualquer forma =P
*as cenas de assédio são indefensáveis mesmo*
cagação de regra foi foda nesse episodio, no fim isso tudo acaba abrindo as portas pra censura.
Eu defendo que o artista tem o direito de colocar o que quiser na sua arte você gostando ou não.
Se fazer crítica sobre questões de justiça social é abrir caminho pra censura, então esse comentário, que é a crítica da crítica, também é, não?
Sobre o programa..
Acho que eu também concordo sobre a validez de se discutir sobre qualquer aspecto da obra, seja pelos elementos da mesma ou pelo que eles nos dizem (ou querem a nos dizer).
Nesse último caso, acho que daria pra citar One Piece, já que o Oda já abordou diversos temas que muitas pessoas evitam discutir (como igualdade racial ou igualdade de gênero).
Em minha opinião, poderíamos discutir esse aspecto de diversas formas, como por exemplo: a validez dessa temática para o enredo em si (independente do quão bem trabalhado o assunto foi); a execução dessa temática (se ele caiu em generalizações, maniqueísmos ou cometeu equívocos no conceito); ou a própria relação entre as temáticas abordadas na obra e o comportamento dos apreciadores da mesma (se as pessoas tomam ou deixam de tomar certas atitudes pelo que absorveram da discussão).
Ainda falando de One Piece, poderíamos debater sobre cenas ou elementos que o autor adicionou sem nenhuma grande intenção autoral mas que podem dizer algo do pensamento dele ou da sociedade onde ele está inserido.
Alguns exemplos poderiam ser a forma que o Oda retrata as mulheres (desde o design até as suas atitudes); ou o próprio o uso da violência como forma de resolver conflitos (desde o chutar de bundas até o uso de um Buster Call).
Por One Piece ser uma obra muito extensa, é quase “natural” que ela tenha cometido alguns vários erros em sua história. Entretanto, acho que discuti-los é uma tarefa tão válida quanto lembrá-los, da mesma forma que seus acertos também merecem. Dessa forma, você não apenas consegue tirar o melhor da história, e ignorar o pior, como também aumenta o seu senso crítico a partir do “restante”, do “complemento”, da “massa do bolo”.
E se vamos falar de algum elemento em One Piece, por que não falar sobre esse mesmo elemento em Oyasumi Punpun? Ou sobre esse mesmo elemento nos mangás em geral? Ou na própria cultura japonesa?
Todas essas discussões são válidas, incluindo essa discussão sobre a própria discussão.
Slowpoke Report: Aku no Hana
Senhoras e senhores, eu achei meu novo mangá favorito.
Comecei o mangá com aquele interesse de saber porque tanto elogiam a história e, ao ver o design cabeçudo das personagens, fiquei receoso de acabar vendo mais uma obra onde eu sinto que “não é pra mim”… Que bom que eu estava errado!
À medida que os capítulos se seguiam, a qualidade da história se tornava evidente com a mesma proporção que o meu interesse aumentava, e antes que eu percebesse, estava no meio de um capítulo num estado de “caralho isso é bom demais”. Com poucos personagens, Aku no Hana consegue trabalhar o relacionamento deles de diferentes formas, e mesmo após vermos uma relação ser devidamente aprofundada, podemos ser surpreendidos pelas mudanças que ela pode vir a sofrer conforme os acontecimentos da trama.
Um belo exemplo disso é a relação do Kasuga/Saeki, e a relação Kasuga/Nakamura. Durante o início do mangá, nos deparamos com a visão idealizada que o Kasuga tem da Saeki, mas conforme ele começa a interagir com a Nakamura, o protagonista não apenas vai tirando a Saeki do pedestal que ele mesmo criou, como vai colocando a Nakamura no lugar. E, depois do timeskip, ele não tem alguém pra colocar nesse pedestal, e acaba tendo que trilhar o seu caminho sem nenhuma das duas. Simplesmente Genial!
Outro fator que contribui muito para termos um bom parâmetro do quão diferentes esses três personagens se tornam são os Secundários. Para o Kasuga, temos os seus pais; para a Saeki, temos a Kinoshita; e, para a Nakamura, temos o próprio Kasuga (que acompanha a mudança dela). Tentarei detalhar cada caso.
Primeiramente, temos os pais do protagonista, que vão ficando cada vez mais preocupados e perturbados com as frequentes saídas de casa do filho. Mesmo perguntando a ele o que está acontecendo, eles não recebem nenhuma resposta que tire a aflição deles. E quando sabem o que Kasuga estava fazendo (e sentindo), eles não apenas repreendem o garoto pelas suas atitudes, mas também se colocam na posição de culpados pelo ocorrido, chegando pedirem a perdão ao filho. Com o timeskip, os pais continuam vendo a ausência do rapaz sem esperanças de melhoras, mas tudo começa a mudar quando chega o dia em que o filho chega em casa e os cumprimenta. A partir desse ponto, a relação entre eles começa a melhorar gradativamente, e quando eles retornam à cidade natal deles, vemos as consequências dessa melhora na relação familiar quando os pais se colocam do lado do filho durante o funeral do avô do Kasuga; não no sentido de apoiar os erros do filho, mas de defender o garoto da hostilidade dos demais. Uma atitude que você se espera de pais de verdade, e não de personagens mais periféricos.
Por sua vez, somos apresentados à Kinoshita, que aparentava ser a típica “amiga da garota que o protagonista ama”. Mas ela é mais que isso. Kinoshita não apenas vê o estranho interesse que a Saeki começa a ter pelo Kasuga logo depois que ele se declara pra ela, como também vai notando a forma que a melhor amiga vai se transformando conforme o namoro se “desenvolve”. E, aqui, temos a surpresa de ver que a Kinoshita não permanece alheia a isso, pois são inúmeras as ocasiões em que ela vai até o Kasuga para repreendê-lo severamente pela degradação da amiga, enxergando nele a causa de todo o problema (por mais que ele não fosse o ÚNICO responsável). Quando a Saeki é presa, as duas se separam, e Kinoshita segue a vida, muito frustrada por não ter conseguido salvar a amiga daquela espiral de queda. Ao se reencontrar com Kasuga, no entanto, e descobrir que Saeki estava tendo uma vida “normal e feliz”, ela começa a tirar esse peso das costas e, no final, consegue se reencontrar com a velha amiga. Um belo desfecho para essa relação conturbada, que continuaria mal resolvida se a Kinoshita mantivesse sua raiva de Kasuga e não fosse conversar com ele quando teve a oportunidade. Mais uma vez, temos uma personagem que sai do seu arquétipo ao ter uma opinião do que ela presencia, e tomar atitudes diante disso.
Quanto à Nakamura, não temos um coadjuvante que acompanhe a sua jornada. É claro que temos o pai dela, mas as aparições dele são muito modestas para afirmarmos que ele viu como a filha foi mudando. Entretanto, há alguém ao lado dela durante boa parte do mangá, e nós sabemos quem é. Sim, além de exercer o papel de protagonista, o Kasuga tem ainda a função de servir como plano de fundo para o desenvolvimento da garota, já que a submissão e a insubordinação dele tem uma grande relação com as atitudes que ela diz (apesar de essa relação ser bem caótica). No caso dele, praticamente tudo o que sabemos da Nakamura se baseia das conclusões que o próprio Kasuga toma ao conviver com ela, o que não apenas contribui para a mistificação da personagem, como atesta de vez a importância que um secundário pode ter numa história, no que se refere à perceber (e evidenciar) a mudança dos protagonistas.
Então foi isso o que eu gostei em Aku no Hana: a constante mudança dos protagonistas e as suas consequências tanto para o enredo como para os outros personagens que se relacionam com eles.
Espero encontrar mais obras como essa.
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Paralelo a isso, assisti ao anime antigo de Berserk, e achei uma das melhores adaptações de um mangá entre as que já vi. Todas as alterações parecem muito bem pensadas para que o arco da Golden Age fosse narrado da forma mais coesa e dinâmica possível. Se você só leu o mangá, eu recomendo que também veja o anime.
Terminei de ver Madoka Magica e adorei toda experimentação visual que ocorre nos momentos de maior tensão, além da trilha sonora que exalta um clima sombrio que o anime vai tendo com o passar dos episódios. Mas como eu não gosto muito de Mahou Shoujo, acabei não me envolvendo tanto com a obra que dizem “desconstruir” o gênero.
Atualmente, eu também estou vendo as adaptações em anime de Shokugeki no Souma, e estou adorando o ritmo dos episódios. Não consigo nem imaginar como aqueles diálogos super expositivos ficariam no mangá…
E também comecei a ver a adaptação de Assassination Classroom, por imaginar que talvez o humor funcione mais no anime do que no original… Pelo que vi, já estou gostando bastante da criatividade da obra em repetir a piada da super velocidade do Koro-Sensei das formas mais aleatórias possíveis…
PS: Atualmente dividido entre comprar Gunnm, Pluto ou Blade…
Concordo com vários pontos abordados por vocês, mas gostaria de deixar alguns comentários:
Ainda considero importante ter conhecimento ou pelo menos buscar algum embasamento antes de emitir alguma opinião ou crítica, pois há a possibilidade de termos um conceito equivocado ou totalmente errado. Infelizmente é o que mais ocorre no Brasil, principalmente relacionado a política, onde a grande maioria que opina desconhece da própria ignorância.
Pegando o Japão como foco, um dos maiores erros cometidos, é acreditar que somente lendo mangás e assistindo animes é suficiente para conhecer a cultura e os costumes daquele país, pois ele não a sociedade horrível mostrada em Inuyashiki de Hiroya Oku, mas também não é o mundo maravilhoso como parece em Yotsuba de Kiyohiko Azuma, mas algo muito mais complexo e que envolve séculos de história. É necessário também saber que muitas de suas regras estão tão enraizadas, que não são mais verbais ou escritas, mas fazem parte intrínseca da alma japonesa, o que dificulta o ocidente de entendê-los plenamente. Isso acaba refletindo nos mangás e animes, em que muitas vezes não entendemos determinada cena ou atitude justamente pelo uso destas simbologias, como por exemplo, o uso das cores que podem representar uma infinidade de significados.
Embora concorde que é algo praticamente inútil criticar um costume ou atitude acontecido em outro país, acho válido que traga este contexto a nossa realidade, e haja uma discussão focando como o brasileiro reagiria isto.
Um dos pontos que queria colocar é sobre o “OTAKU” brasileiro, que louva o japão colocando ele como uma cultura superior e extremamente educada, ignorando todo e qualquer aspecto negativo tais como o echhi excessivo e/ou mesmo o lolicon, sendo estes tópicos que são já antigos. Outro ponto e que cada vez mais temos uma renovação do público de mangás que é diferente do de 10 anos atrás, devido a mais fácil achar conteúdo na internet tendo muito mais variedade, o que para mim se faz necessário retornar a antigas discussões que para uma parcela mais antiga já não é mais motivo de debate. Ou seja precisamos reclamar e parar de complexo este complexo de vira lata que os Otakus possuem.
Slow poke report:
Voltei a reler os últimos cap. de BERSERK que retomaram a lançar no Japão neste mês de dez. e depois de muito tempo posso dizer que esta sendo o melhor arco de berserk em anos talvez em mais de 20 anos desde o eclipse, Estão acompanhando o arco da ilha dos Elfos com o Miura usando o máximo de Simbolismo no mundo dos sonhos e da Magia?
Mais uma vez, meu notebook pifou, e por isso não vou conseguir escrever um texto muito completo, mas como não queria passar a semana sem dizer nada…
Slowpoke Report: A Lenda de Korra
O melhor spin off de uma história.
Comecei Korra meio sem expectativas, e o romance por vezes inconsistente dos protagonistas me incomodou bastante nas duas primeiras temporadas, mas de modo geral eu adorei assistir Korra, não apenas pela inclusão de elementos que nós nunca percebemos que faziam falta em A Lenda de Aang, mas pelo aprofundamento de temáticas já construídas na série que a antecedeu.
Como vocês comentaram isso no Segunda Potência, vou apenas falar sobre os secundários, que vocês devem ter percebido ser o meu elemento favorito numa história kkkkk
OS FILHOS DOS PROTAGONISTAS
Primeiramente, quando pensamos numa continuação de uma série, é quase natural que imaginemos que ela seja protagonizada ou que tenha a participação dos filhos ou descendentes dos principais, como ocorre em muitos Borutos da vida.
Em Korra, isso mais ou menos também acontece, mas a primeira surpresa que temos é que os filhos dos personagens que já conhecíamos em Aang já são adultos de meia idade, com suas personalidades, qualidades, defeitos e passados muito bem definidos, o que já deixa bem claro que a jornada que acompanharemos não será a deles, mas de uma personagem nova.
Isso não apenas é mais um indício da coragem dos produtores em quebrar vários clichês de uma história, mas também é uma decisão que possibilitou a introdução de conflitos muito pouco explorados em animações. No caso, me refiro às relações familiares.
Tentarei desenvolver esse argumento tomando a família Aang como exemplo.
Em Korra não vemos a forma que Aang e Katara criaram seus filhos. Vemos as consequências dessa criação.
Com as interações que os irmãos vão tendo ao longo das temporadas, vamos tendo uma noção de como o tratamento que eles receberam no passado reflete na personalidade atual deles, desde trejeitos e qualidades a traumas e defeitos.
(À exemplo, cito a insegurança que Bumi tem por não ter despertado a dominação de ar, e a autocobrança que Tenzin possui por ser o filho que carregava o fardo de dar continuidade à cultura dos monges do ar).
Mas não acaba por aí. Não apenas temos um aprofundamento nesses personagens, mas temos um desenvolvimento. Vemos, através de várias lavações de roupa suja, que cada filho do Aang tem uma visão diferente de como foi a educação que eles receberam do pai. Conforme os personagens começam a exteriorizar seus pontos de vista para com os irmãos, eles não apenas desentalam coisas presas em suas gargantas, como ajudam os parentes a perderem algumas opiniões extremas que eles tinham de Aang (tanto as muito boas como as muito ruins). Com esse conflito quase resolvido, os filhos do antigo avatar seguem suas vidas, como fazem os adultos da vida real (eu acho).
Sei que existem outros exemplos a ser citados, como a relação das irmãs Beifong, mas acho que já dá pra ter uma ideia de como as relações familiares em Avatar são tratadas com a importância que elas deveriam ter em outras histórias.
Me interessei por Korra quando o Leonardo comentou sobre os personagens da série serem “meio quebrados”.
Se em A Lenda de Aang, temos adolescentes que tiveram de amadurecer antes de chegarem à idade adulta, em Korra temos jovens e adultos que ainda não aprenderam completamente a serem adultos.
Por oferecer uma abordagem tão diferente aos seus personagens, eu também digo que Korra valeu muito a pena ter assistido
PS : Tenzin é o melhor filho de um protagonista ever
Slowpoke Report: Centaur’s Worries
Agora sim, Judeu, agora sim. Fiquei chateado por não ter gostado muito de Dorohedoro, mas posso dizer que eu honestamente gostei muito de Centaur’s Life.
Nunca vi um worldbuilding sendo trabalhado de forma tão sutil e casual. São algumas ideias e sacadas simples que fazem toda a diferença durante a leitura. E o fato de a história se encaixar como um slice off life só acrescenta na obra, já que podemos ver as personagens em suas rotinas de sempre, enquanto observamos as relações deles para com o mundo que até então não conhecemos tanto.
O detalhamento que o autor mostrou sobre como algumas espécies se vestem, ou a apresentação de objetos da vida real sendo adaptados na história (como os bancos dos automóveis ou as privadas sanitárias) é uma das maiores qualidades do mangá.
Entretanto, Centaur’s Worries as vezes tem uns capítulos muito aleatórios, e no meio de alguns, tenho a impressão de que aquele mundo está escondendo um possível grande plot , que será melhor desenvolvido futuramente. Com o passar dos capítulos (li até o 60), vamos tendo uma noção cada vez mais nítida do “preço” que as pessoas tem pagado pra viverem em igualdade racial. Talvez esse venha a ser o tema principal do mangá, ou talvez não …. Sério, eu não sei o que o autor desse mangá tá pensando kkkkk
De forma geral, o mangá é muito bom. Personagens carismáticos, interações muito divertidas, um pacing muito fluído e uma pequena riqueza de detalhes que fazem com que o leitor termine o capítulo, e já queira ler o próximo…
Ps: E as melhores interações de todo o mangá são as da Manami (a garota com asas de anjo) com as suas quatro irmãzinhas… Não dá pra ser mais fofo que aquilo.
The Incredible Slowpoke Report: Inside Mari
Quando terminei esse mangá, havia entendido muito pouco dele. Depois de ouvir o enquadrado de vocês, não apenas entendi melhor o enredo da obra, como consegui perceber o porquê de ter amado tanto Inside Mari.
Nos capítulos iniciais, como ocorreu em Aku no Hana, eu só tava curioso pra saber quando aquilo tudo iria ficar tão bom quanto aquilo que vocês diziam ser o mangá, mas o ritmo desse mangá é tão perfeito (quando lido num tiro só), que eu rapidamente fui gostando cada vez mais da história, e por diversas vezes eu dizia que só ia ler mais um capítulo, e acabava lendo um volume inteiro…
Como o enquadrado de vocês também ficou muito bom, serei mais breve nos meus comentários, mas posso dizer que os temas da obra me fizeram me pensar muito sobre a minha vida, apesar de não me identificar muito com ninguém ali. Terminei os últimos capítulos do mangá repensando muito sobre os meus relacionamentos com as pessoas que me cercam , e só isso já teria feito a leitura valer a pena.
Contudo, o que mais gostei de Inside Mari (e Aku no Hana também) é a quadrinização do mangá. Apesar de ser um grande leigo no assunto, consigo perceber que o Shuzo tem uma noção muito clara de como construir o enredo e os personagens com o uso de quadros sem falas, o que não apenas torna a leitura mais dinâmica, como também mais contemplativa. São diversas as cenas em que a simples expressão dos personagens já diz tudo sobre como eles estão se sentindo.
(As cenas do Komari e da Yori no parque de diversões ja estão entre as minhas favoritas de todos os mangás que li até agora).
Sei que vocês já comentaram sobre a dificuldade de vocês fazerem uma discussão sobre quadrinização nos mangás, por serem “meros” entusiastas no assunto, mas se um dia vocês planejarem conversar sobre isso em algum cast, eu sugiro fortemente que citem o uso dos quadros em mangás como Ping Pong, Annarasumanara, Tamen de Gushi, Aku no Hana, Centaur’s Worries, e é claro, Inside Mari. Acredito que esses mangás são alguns dos que mais exploraram a arte sequencial para construir uma história que consiga fazer de sua leitura uma experiência tão agradável quanto reflexiva e tocante.
PS: E achei muito interessante a semelhança que a Mari e a Nakamura (de Aku no Hana) possuem, no sentido de terminarmos o mangá sem sabermos exatamente quem elas são de verdade.
Sempre acho interessante o temas de vocês, legal tbm ler o comentário do pessoal. As pessoas escrevem muito, quase uma redação cada comentário. Vou ver se consigo comentar mais por Aki tbm, normalmente eu baixo e escuto depois, então perdo alguns comentários. Essa vez estou comentando antes de ouvir ^^