Sejam bem-vindos ao episódio 182 do Mangá², o podcast semanal de mangás que não sabe nem o que ele mesmo está fazendo.
Neste programa, Judeu Ateu, Estranho e revisitam um de seus temas pseudo-filosóficos favoritos: intenção autoral. Tentando, sem direção nem sentido, responder à pergunta: Podem pessoas “ruins” fazerem obras boas?
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The Artist is Absent: Davey Wreden and The Beginner’s Guide
Cronologia do episódio
(00:20) Intenção Autoral 2
(43:00) Leitura de Emails
(59:00) Recomendação da Semana – Pluto
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A respeito dessa questão da importância dos comentários dos autores sobre suas proprias obras, é muito engraçado a reação do público a respeito disso, quando a obra é amplamente conhecido com uma obra de qualidade, os que não gostam utilizam desses argumentos pra contestar a qualidade da mesma, como por exemplo dos ja citados no programa, inoue sobre vagabond, miura sobre berserk, ou nihei sobre Knights of Sidonia. E o contrario também, como por exemplo do nosso ilustre Tite Kubo, os fãs da obra que falam que aqueles não gostam não conseguem entender ou analisar a obra direito, falando que eles nao compreendem a obra, e quando o Kubo falou que existe níveis de abstração e camadas sobre bleach, foi para os fãs o argumento final a absoluto sobre a qualidade da obra, “OLHA SÓ, O PRÓPRIO AUTOR DISSE QUE A OBRA É PROFUNDA, VOCÊS QUE NÃO CONSEGUEM ENTENDER A OBRA, O PRÓPRIO AUTOR DISSE ISSO”, e em retrocesso é muito engraçado olhar pra isso e o destino final da obra.
Me arrisco a dizer que esse é um dos melhores casts que vocês já fizeram.
Podem pessoas “ruins” fazerem obras boas?
Uma pessoa que se encaixa perfeitamente nisso é Allan mor um excelente roteirista, mas como pessoa é horrível o cara se acha o dono da verdade e diz que tudo que tem hoje é lixo e não aceita a opinião de ninguém alem de não ter um pingo de respeito com seus fãs.
Eu tenho a filosofia de separar o autor da obra, mas nem sempre é tão simples.
È claro que a opinião do autor é importante afinal a obra saiu da cabeça dele, mas ate que ponto isso é valido tipo uma fã de cdz fez uma fanfic onde ocorre um relacionamento amoroso entre o iki e o cisne negro e o kurumada foi la e carimbou, oficializando como canon.
A mesma coisa aconteceu em bleach onde um fã fez uma novel do personagem zaraki o kubo curtiu a ideia e oficializou como canon tambem..
E tudo que disseram tambem se aprica a vocês, tipo saber que o judeu é gay não mudou em nada a minha maneira de apreciar o podcast, mas saber que o estranhow não gosta de batata me faz velo como uma pessoa de mau caráter..
Essa discussão de vocês sobre o autor/desenvolvedor mudar a obra/ o jogo depois e pode ser comparada ao paradoxo de Teseu, mesmo que nesse caso específico nós tenhamos alguém pra dizer “não, o certo é esse aqui”. Um jeito mais maluco de pensar nisso seria se a Hiromu Arakawa magicamente ouvisse o cast de “Desconsertando FMA” e decidisse que a partir daquela data, aquela seria a história oficial da obra. Com exceção de alguns gatos pingados, ninguém iria aceitar isso, ainda que fosse decisão da autora original.
Pessoas “ruins” não necessariamente fazem obras ruins, do mesmo jeito que pessoas “boas” não necessariamente fazem obras boas (o Mashima parece ser um cara tão gente fina), pois a personalidade da pessoa não reflete tudo em sua obra. Só porque o cara criou um personagem psicopata, não significa que ele é um psicopata, é apenas uma representação do conhecimento dele sobre esse transtorno de personalidade.
Mas não da pra negar que dá mais gosto acompanhar uma história cujo autor é uma pessoa legal, mesmo que você queira separar autor da obra.
Talvez Sidonia no Kishi apenas esteja nos meus favoritos porque eu não tinha lido nada do Nihei antes e não esperava muito da obra, e aí ela me surpreendeu positivamente tanto na arte quanto na fluidez da história. Saber que ele fez por dinheiro não muda nada, pelo contrário, pois se ele tivesse feito de outra forma, talvez eu não gostasse tanto do mangá.
Sobre isso de autor que decide reescrever a própria obra: nunca vi em mangás, mas já em visual novels. Um cara chamado Sca-ji lançou um jogo chamado Tsui no Sora láem 99. Ai ele releu anos depois e resolveu refazer e colocou outro nome (Subarashiki Hibi) e lançou em 2010. Hoje em dia ninguém lembra que Tsui no Sora existe.
E pois é, um pouco chato quando vejo as pessoas tentando fazer os outros se sentirem culpados por gostarem de certas obras em que autor fez alguma burrada durante a vida. É uma atitude arrogante demais.