1Volume – Wolverine Snikt

Volume único, por Tsutomu Nihei.


Em 2003, a Marvel Comics lançou uma história em quadrinhos com uma bela iniciativa editorial. Ao dar um de seus grandes personagens para um grande mangaká, o resultado precisava ser, no mínimo, diferente. O fato do autor escolhido ser Tsutomu Nihei deixa o projeto ainda mais peculiar, já que ele não costuma fazer obras muito simples. Já o personagem escolhido, Wolverine, possui suas facetas e conflitos que fecham a perspectiva desta obra incomum que poderia ser um prato cheio para fãs de mangás e da Marvel. Porém, isto não é exatamente uma recomendação.

Nihei é um bom autor, em geral. Suas obras possuem um estilo bastante peculiar, assim como seu estilo narrativo. Porém, o que mais se destaca em seus trabalhos é o visual. Os humanos podem causar uma estranheza para um desavisado, pois não são limpos e bonitinhos, mas os pontos positivos se sobressaem uma vez que a estilização é compreendida. Os monstros, máquinas e cenários também compõem um visual carregado e complexo, cheios de detalhes que geram curiosidade ao mesmo tempo tornam os elementos coerentes.

Este autor, com tais características tão distinguíveis, tem como protagonista Logan, o Wolverine. Infelizmente, não há muita compatibilidade do personagem com o estilo de Nihei e seria uma tarefa difícil desenvolver esta ligação. E neste momento já começam os problemas desta obra. O caminho escolhido é o mais fácil de todos, jogar Wolverine em um mundo típico de Nihei e tentar dar algumas desculpas para validar a presença dele ali.

Logan é levado, contra a sua vontade, para uma realidade onde a humanidade foi dizimada por seres monstruosos chamados Mandates. Fusa, a garota que trouxe o mutante para este mundo destruído, explica que eles precisam da ajuda dele para contra-atacar e vencer os monstros. Assim, não há motivação por parte do protagonista; ele é, ironicamente, usado apenas como arma para os desejos dos outros.

Os sobreviventes também nunca se tornam personagens agradáveis ou interessantes. A garota que trouxe Logan não possui nenhuma característica senão a de querer sobreviver. Já o guerreiro mais poderoso, que carrega a única arma capaz de destruir os monstros, é definido por sua extrema raiva por estes, mas soa robótico do início ao fim. Durante a história, uma única cena tenta fazer com que Logan simpatize com a causa dos sobreviventes e aceite ajudá-los, mas sua recusa inicial em auxiliá-los é tão infundada quanto seu apoio, já que seu único impedimento era o medo de morrer, algo impossível considerando o fator de cura e a irritante facilidade com que ele vence os inimigos.

A falta de dificuldades e conflitos se torna insuportável rapidamente, com as batalhas sendo vencidas em poucos golpes. Além disso, as ligações com o universo dos mutantes soam extremamente forçadas e rasas, aparecendo apenas para fingir que a história é uma mistura homogênea, quando na verdade há apenas o básico de Tsutomu Nihei com um Wolverine no meio. A história, aliás, parece ter sido planejada em cinco minutos, com uma trama óbvia e cheia de recursos que soam mais como muletas narrativas.

Alguns destes recursos de roteiro usados para levar a história adiante são absolutamente clichês, como o fato dos inimigos possuírem um núcleo central que é seu ponto fraco ou a existência de um indivíduo primogênito que causaria a morte de todos os outros se fosse destruído. E não é preciso muito esforço para saber o desfecho, uma vez que tais elementos foram apresentados. Já a explicação científica da origem dos monstros é enfadonha, dispensável e acaba como apenas mais uma tentativa de legitimar essa história dentro do universo da Marvel.

Depois de tudo, nenhuma relação profunda foi criada, nem entre o universo Marvel com o universo de Nihei, muito menos do Wolverine com aqueles personagens. No fim, a residente dessa realidade paralela convida Logan para ficar ali e abandonar a sua vida, mesmo que a relação deles nunca tenha sido mostrada como algo forte. Felizmente, o protagonista tem um lampejo de sensatez e percebe que ali não é, e nunca foi, seu lugar.

Avaliação Final

3 comentários

  1. No inicio.dos anos 2000 a Marvel tentou se aproximar do publico de mangás, mas foi um fracasso, outras dessas tentativa foram o Mangaverso(esse nome mesmo), big six(que sequer foi toda publicada) e algumas minis do Wolverine e da Elektra

  2. Se me lembro bem, o Wolverine inclusive sobrevive, depois de ser reduzido a um esqueleto, não?

    • Ja, entre trocentas coisas estupidas que ja aconteceram com ele como ser pai,irmão,filho,clone do dentes de sabre, ou ter virado um animal selvagem sem nariz.

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