Como já comentado no Mangá², o fim é um dos momentos cruciais na experiência de leitura. Algumas vezes a última cena diz muito do que toda a obra foi, fazendo o leitor repenstar a história por inteiro. Tudo que foi visto antes converge neste momento.
Existem várias maneiras de classificar os finais, aqui analisarei alguns com os quais me deparei e darei exemplos. Portanto, haverão spoilers leves, mas apenas dos últimos momentos da obra sem exposições detalhadas da trama.
Final Protocolar
O final mais comum e simples. É quando a história cresce, atinge seu ápice e termina pelo fim do conteúdo. Toda a história já foi contada e o desfecho serve apenas para colocar um ponto final. Neste caso, o leitor deixa a história sem grande agitação por ser um desfecho calmo. É muito comum em obras que possuem epílogos, sendo a paz após os acontecimentos mais intensos da trama.
Geralmente é um final honesto por ser simples. Toda a história pode ter um final assim, sem causar alvoroço ou confusão para o leitor. Lúcifer e o Martelo (Hoshi no Samidare) é um bom exemplo, seu final é apenas a conclusão dos personagens, sem deixar dúvidas ou surpresas. Exatamente por isso se torna tão agradável, concluir aqueles personagens com os quais nos importamos durante toda a obra é o suficiente. E este final em específico ganha ainda mais pontos ao fechar com uma frase que resume todo o tema do mangá.
Porém, além do fator caloroso e aconchegante deste tipo de final, a simplicidade pode significar mediocridade. Um final é frustrante se apenas acompanha o óbvio e mostra o desfecho de algo que não foi tão interessante durante desenvolvimento da obra. Bakuman, por exemplo, foi bastante contraditório ao fazer seus personagens discutirem sobre a importância da última página de um mangá e em sua própria última página focar na resolução do ponto mais desinteressante de toda a obra.
Final Circular
Trata-se de um final referencial. Muitas obras seguem a ideia de coesão, ligando o final ao começo. Aquele sentimento do círculo estar completo ou de que tudo começará de novo e provavelmente ficará assim para sempre. Isto funciona melhor em obras longas, deixando o sentimento de nostalgia no leitor.
Quando conectado com o tema e com a alma da obra, o final circular é potencializado. Em Oyasumi PunPun, por exemplo, o recomeço do círculo fica claro e faz sentido dentro da história. Acompanhamos o protagonista desde a infância até a idade adulta, então é apropriado terminar mostrando que as dúvidas e os desejos de PunPun e companhia em relação a vida e a existência humana continuam, conferindo humanidade aos personagens e seus conflitos.
Outras obras citáveis são Naruto e Jisatsu Circle. Este último recomeça o círculo infinito no fim, o que acaba sendo bastante óbvio para o mangá. Já Naruto termina com a última página idêntica a primeira, o que é legal, mas exagera nas rimas e repetições. As situações parecidas soam mais artificiais do que nostálgicas e esse é um grande risco desse tipo de final, ir longe demais com a história e tornar-se um eco dispensável.
Final Surpreendente
O final agitado. Este é o tipo de desfecho que acrescenta um elemento novo à trama ou muda algo estabelecido anteriormente. É o final mais impactante e, se bem utilizado, pode ser o que deixa marcas mais profundas no leitor, além de criar boas discussões.
Tetsu no Senritsu e o one-shot Island são dois exemplos desse estilo. Ambos seguem o conceito de final abrupto, como se a obra acabasse cedo demais. Isso beneficia a sensação de surpresa, já que a história acaba no ápice, em seu momento mais impressionante, fazendo o leitor acabar empolgado, querendo voltar algumas páginas ou procurar as próximas que não existem.
Outro modo de surpreender, mas de maneira menos turbulenta, é acrescentar um elemento novo no final. Tal elemento geralmente é uma consequência das ações anteriores e tenta deixar o leitor curioso. Death Note acaba assim, com um elemento novo da história que cria uma surpresa e uma leve confusão. Fora dos mangás temos Inception, que planta uma dúvida, e Legend of Korra, que foca em uma relação nova e levemente inesperada.
Enfim, como todos já sabem, o final é importantíssimo para a absorção da obra, a pontuação final da mensagem. Um bom fim é crucial para uma boa história. Afinal, a última impressão é a que fica.
Ótimo post para terminar o ano!! E como você classificaria a última página de Gantz. Não quero entrar na discussão do final ser ruim – pra mim ele é obOviamente ruim kkkkk – mas como poderia se definir aquela última página?
Para mim, ela nem fecha com o que a história se diz propor e fica com a impressão de ser mais um fim ordinário de capítulo.
Duas páginas finais incríveis, são as dos clássicos Ashita no Joe(que até quem não leu conhece, lol) e Devilman.
A última página de Ashita no Joe, só de bater o olho já é identificável como uma simples conclusão. Mas o que é incrível é como ela referencia algumas passagens do manga que dão uma razão para aquela página. Um grande “feedback” dentro do manga, apesar de achar que para a maioria parece uma simples auto referência.
Já Devilman, apesar de também concluir o arco do manga em si, também deixa algumas ideias subjetivas no ar. Alguns interpretam como a ideia de um ciclo, outros como retribuição. Já eu acho que sejam os dois, tipo, “você colhe o que planta”. Mas “você colhe” sendo uma retribuição, também se trata do outro lado “plantando”. E aí se caracterizam a retribuição e o ciclo, um ciclo de ódio, basicamente. No fim, Devilman parece tratar disso para mim.
Eu não me dei ao trabalho de classificar essas obras dentro do três tipos citados no post, mas acho que eles acabam se encaixando em um ou outro. Mas esses dois clássicos são por inteiro, fantásticos. 🙂
cara eu semprei achei que os japas nao sabem fazem final mais vendo dessa forma eu acho que gostei um pouco mais desses finais principalmente em ‘punpun”