(Sim, eu sei que esse post está atrasado. Mas antes tarde do que nunca.)
Já fazem alguns anos (anos demais até) que eu acompanho bastante as novas serializações períodicas da Shonen Jump. Dando uma olhadinha rápida na wikipédia, vejo que tudo começou no finzinho de 2007, na primeira edição da Shonen Jump do ano fiscal de 2008. Nela estreou Psyren, a primeira série que acompanhei semanalmente do primeiro ao último capítulo, e de lá pra cá muita coisa aconteceu na própria Shonen Jump. Muitas coisas passaram pela pela revista, muita merda cancelada, muita coisa boa cancelada, alguns sucessos medianos e pouquíssimos sucessos relevantes.
(Clique nas imagens se quiser ampliá-las)
6 anos de publicação parece um tempo curto para se acompanhar lançamentos novos de uma revista, mas a Jump tem uma rotação bem alta e quem acompanhou semanalmente sabe que foram longuíssimos anos amargando estreias medianas que jamais atendiam as expectativas iniciais conforme avançavam, virando na maioria das vezes um sucesso mesmo não sendo nada de mais (Kuroko no Basket, Beelzebub) ou um cancelamento rápido que logo seria esquecido (Double Arts, Akaboshi e, veja só, Yotsuya Senpai no Kaidan, do mesmo autor de Haikyuu!!).
Estou dando essa volta apenas para dizer que, depois da linha de títulos da Shonen Jump sofrer muito nesse período negro, de dois anos para cá ela recebeu um merecido sopro de renovação, com vários novos e surpreendente “medalhões” surgindo em séries como Nisekoi (é um pouco mais velho que isso, mas só fez sucesso posteriormente), Assassination Classroom, Shokugeki no Soma e, sem dúvida alguma, Haikyuu!!.
Estreando em 2012 e praticamente dando início a essa nova geração de “sucessos” da Shonen Jump, o mangá é escrito e desenhado por Haruichi Furudate, um autor que fez uma das mudanças mais gritantes de gênero que já conheci, partindo de um mangá de terror (que já comentei em um post aqui no blog) para um shonen de vôlei, um esporte até então muito mal representado no universo dos mangás.
Haikyuu!! (ou Haikyu!!, ou HQ!!) acompanha Hinata Shouyou, um garoto de baixa estatura que, depois de ver na TV uma partida de vôlei do colégio Karasuno em que o astro era o “Pequeno Gigante”, um jogador também de baixa estatura, se apaixona pelo esporte e decide formar um time na sua escola. Porém ele tem sua jornada encurtada ao perder feio a primeira partida do campeonato para o time do levantador gênio Kageyama Tobio. Após esse ocorrido (ainda no primeiro capítulo), sem desistir do esporte, Hinata entra no primeiro ano do seu adorado colégio Karasuno, apenas pra descobrir que: 1. os tempos de glória do colégio acabaram; e 2. Kageyama está no mesmo time que ele.
Já de início o autor nos apresenta dois pontos que serão primordiais para o desenrolar da história e que mudarão completamente a dinâmica dos personagens. O primeiro deles é o fato de não estarmos lidando com um colégio “underdog”, que nunca foi nada de mais; estamos lidando com um time que já teve prestígio e hoje amarga um limbo nascido após a saída do “Pequeno Gigante”. E o segundo ponto é que vôlei talvez seja o mais coletivo dos esportes. Mas vamos por partes.
No texto de Daiya no Ace, eu comentei como achava inovador vermos a história pelo ângulo de um time competitivo, pois os mangás de esporte de forma geral costumam optar por nos mostrar “underdogs”; afinal o público adora torcer para os menos favorecidos, dá uma sensação de superação e um ânimo pro próprio leitor correr atrás de seus sonhos (daquele jeito). Haikyuu opta por essa abordagem padrão, mas traz também um sentimento novo, uma nostalgia dos outrora gloriosos triunfos da equipe. De um lado, os veteranos que viram a geração vitoriosa do time ir embora e não conseguirem manter o nível; do outro, os novatos esperançosos que encontraram um time desestruturado.
Assim, a batalha diária dos jogadores do Karasuno vai além do simples sonho de um dia ser grande. A batalha é para serem grandes novamente, reconquistarem o respeito dos outros times, do pessoal do colégio, da turma do bairro que tanto torcia pelo time. Esse sentimento ainda pouco explorado nos shonens de esporte é algo tão característico de Haikyu que só por isso ele tem o mote necessário para tornar memorável o desenvolvimento dos personagens. Mas o autor vai além.
Como eu havia comentado, o vôlei possivelmente é o mais coletivo dos esportes. Diferente do basquete, futebol, baseball, que basicamente um jogador prodígio consegue jogar sem dar atenção para os companheiros de time (Rukawa, estamos olhando pra você) e algumas vezes sozinho consegue carregar o time todo nas costas, no vôlei é diferente. Não tem como jogar sozinho, não tem como ser fominha e não tem como brilhar sem o suporte dos seus companheiros. E nesse ponto Haikyu acerta perfeitamente ao desenvolver gradualmente o desejo de cada um dos personagens melhorar individualmente pelo bem do time, de aprender um movimento de suporte, uma jogada que precisa de outros jogadores para funcionar. Este mangá é um dos poucos de esporte que conseguem passar a sensação de unidade no time. Um por todos e todos por um, sabe? O trabalho extenso do autor de nos provar isso, capítulo a capítulo estreitando os laços de cada um dos jogadores do Karasuno, é talvez o grande charme de Haikyuu!!.
Outra ótima consequência da característica coletiva do esporte é que de fato todo mundo é amigo. Mas não é aquela “amizade” de mangá de esporte que significa “somos rivais, mas te entendo muito em quadra, embora nunca tenhamos conversado fora dela”, é algo mais real. Você é do meu time rival? Poxa, bacana, anota meu celular aí, vamos nos manter em contato e de vez em quando marcar algo juntos. Haikyuu captura uma essência moderna da facilidade de conexão dos jovens e transporta isso pro mangá de forma natural, tornando os relacionamentos (novamente) mais críveis.
Na parte artística do mangá, Haikyu (cada hora eu escrevo de um jeito neste texto) divide opiniões. Já vi muita gente criticando os formatos anatômicos estranhos dos personagens ou o exagero no uso de retículas do autor. Particularmente, considero ambas as características apenas isso mesmo: características, o estilo do autor, nada que por si só seja ruim ou bom. Dito isso, adianto que quando o leitor se acostuma com os traços do autor, o mangá fica visualmente lindo.
O Furudate demonstra um incrível controle de ritmo e quadrinização, mantendo todas as cenas de ação extremamente dinâmicas e de fácil compreensão, enquanto utiliza-se da clássica técnica do “não fale, mostre”. O tempo todo fica claro qual é a movimentação dos jogadores e de onde a bola está vindo e para onde está indo. Esse controle absoluto da narrativa permite que periodicamente sejamos surpreendidos pelas belíssimas páginas duplas de impacto que o autor sabe fazer tão bem. Para quem já leu, tenho certeza que consegue lembrar facilmente de duas ou três páginas antológicas do mangá.
E não poderia deixar de citar os nossos protagonistas; Hinata, de personalidade agradável e engraçada fora das quadras e sério dentro de quadra, e Kageyama, o sisudo e mal humorado gênio que precisa aprender a confiar no seu novo time. Mas não quero entrar nos pormenores do relacionamento entre eles, e tampouco nos outros membros do time; quero que quem não conheça tenha a chance de conhecê-los no ritmo primoroso que o autor trabalha cada personagem na obra. Mas o adjetivo da frase anterior já dá uma prévia do que está esperando o leitor.
Alia-se todas essas características a um enredo recheado de humor casual, trechos de slice of life e um elenco que só cresce e se desenvolve (sério, o autor dá destaque ao banco de reservas e à manager do time!), e temos um mangá que chega a ser defendido por muitos de seus fãs como o melhor mangá de esporte a passar pela Jump desde Slam Dunk. E com apenas dois anos de vida.
E eu? Bem, eu estou nesse time também. O mangá é uma surpresa sem igual, um conteúdo de qualidade como a muito não se via na Shonen Jump; e não falo só de obras de esporte. Torço bastante para que o bromance do Hinata e do Kageyama (é, isso realmente existe) pegue de jeito as fujoshis e que elas garantam a longevidade da série pelo tempo que o autor achar necessário. Porque estamos diante do nascimento de um clássico.
Eu acho super massa hoje em dia haver gente que curte HQ. Na época quando lançou e eu acompanhava as ToC’s, não via muito comentários favoráveis acerca da então nova série. Eu sempre amei mangás de esporte e fico caidinho facilmente por eles.
Enfim, texto legal. Só me esclareça uma coisa, se possível: o que você quis dizer por “underdogs” no texto? Não ficou tão claro pra mim o uso do termo.
Até o/
Gabiru.
Underdogs são os competidores que não são favoritos e que ainda assim vão longe na competição. 90% dos mangás de esporte (principalmente da Jump) tem como foco times assim. Raramente vemos alguma história focada em um time que, em condições normais, sempre está na disputa pelo título.
Eu estou acompanhando o anime nessa temporada e, para mim, esse é de longe o melhor lançamento! Confesso que por querer manter como uma experiência totalmente nova assistir esse anime, não li nem metade do seu texto, provavelmente. xD
Sem contar o esforço para não ver as imagens…
Esse e o Baby Steps são 2 dos poucos animes “assistíveis” dessa temporada. Mas claro que essa é só a minha opinião.
um dos motivos do volei ser meu espote favorito ,é por aqui que o estranho falou da questao do trabalho em equipe ,e não tem como o cara dar uma de fominha e marcar o ponto sozinho(um dos motivos de eu nunca ter gostado de jogar futebol pelo fato de sempre ter um fominha que pensa que pode fazer tudo sozinho)
agora so falta fazer a review de no game no life
Cada vez que vejo as páginas desse mangá me bate aquela fome pela leitura! Todos esses enquadramentos, essa misé-en-scene tão fluida e clara, essa falta de exposição por diálogos, essas liberdades artísticas… meodeos! Alguém sabe quadrinizar muito bem, aí! Mas estou me segurando. Vou deixar para ler depois que o anime acabar. E devo dizer que a staff da série de TV está fazendo um trabalho primoroso. A edição, o timming e a continuidade estão impecáveis, essa liberdade artística de colocar elementos ilusórios em certos momentos ainda está lá, a animação está fluida e a misé-en-scene está tão boa quanto parece ser no mangá. Apesar de eu não ter lido nem um capítulo da publicação na JUMP, me parece que o Production I.G. e a staff da animação estão não só conseguindo manter a qualidade do mangá, como também estão transpondo a experiência dos quadrinhos para a animação de forma a dar qualidades que só um desenho animado pode ter. Sim, estou amando a animação de Haikyuu!!. Digo até que prefiro ele ao anime de Sidonia no Kishi e o coloco ao lado de Ping Pong – The Animation, que é outra paixão minha dessa temporada, dirigida por Masaaki FUCKING Yuasa!
Como fui ignorado no twitter, vou comentar aqui, q acho mais apropriado! Algumas vezes já vi ambos elogiarem Haikyuu!! e dizendo q provavelmente irá superar Slam Dunk, então, eu não tinha interesse, mas depois disso tive que ler já q o mangá do Takehiko é o meu Top 1 de todos os tempos. Não sei se devido ao hype q não achei mesmo esse mangá tudo isso!! Aq vai os pontos:
1º_ Carisma dos personagens! Eu sei 2 nomes e meio, Hinata (e sei pq por causa da Hinata do Naruto e associei), Kageyama e o Udai ou Ukai!! Já são 111 capítulos e só decorei esses nomes, quando li Slam Dunk com essa quantidade de capítulos eu sabia o nome do time completo, amigos do Sakuragi e outros secundários e jogadores de outros times!! E coloquei carisma em 1º lugar pq oq eu mais gostava nas partidas era ver como aqueles caras q eu gostava tanto, e principalmente o Sakuragi, iriam se sair nas partidas!! Eu torço para o Karusano e quero vê-los ganhar, mas nem chega perto do mesmo tesão das partidas de Slam Dunk!! NEM PERTO!! Se fosse transformar em km/h, Slam Dunk é facilmente acima de 300km/h enquanto Haikyuu!! uns 60km/h!!
2º_ Semelhanças entre os dois mangás!! A primeira partida contra o Nekoma achei parecida com a primeira do Shohoku com o Ryonan, em Haikyuu parecia que iriam virar, q fariam o ponto e no último instante o rapaz salva a bola, igual o Sendoh faz a cesta da vitória nos últimos segundos!! (Tá q vcs podem achar aq forçado, mas quando li me veio isso a mente, e em momento algum, até agora, li a obra não querendo gostar dela ou querendo ver cópias). A outra semelhança foi 2 jogadores que não estavam no time, um do segundo e outro do terceiro ano, sendo que o do 3 ano é um Ás! Cara, lembrou muito o Mitsui e o Ryota! Mitsui era/é um Ás, e o Ryota o armador e menor da galera!! Tem algumas outras, mas aí já faz parte da mídia e do tema, aí seria forçar a barra!
3º_ Entendo que o autor precisa mostrar e ensinar vólei para o leitor, mas me incomoda o Hinata ser um alienado quanto ao esporte, é estranho que ele seja tão empolgado e nunca tirou um tempo para estudar o esporte! Pelo oq eu entendi ele viu uma cena na tv e nunca mais assistiu uma partida de vólei completa na vida!!
Coloquei 3 pontos, mas o único q pesa pra valer é o primeiro! Por favor, sem ironia ou sarcasmo da minha parte, me expliquem quais pontos que não enxerguei q fazem vcs acharem q o mangá como um todo irá superar Slam Dunk. Pq pra mim, só o Sakuragi sozinho ganha de lavada de todos os personagens juntos de Haikyuu!
[…] seu começo, Haikyuu!! vem chamando muita atenção dos fãs de mangás e, recentemente, animes. O mangá possui um roteiro afiado, um desenvolvimento de personagens coeso e uma narrativa visual […]