Volume 01 (de 02), por Kei Aoyama.
Certa vez, na busca de mangás que servissem para uma boa discussão em um Mangá Enquadrado, pedi sugestões de leituras no twitter. Se bem me lembro e não me engano, SWWEEET me foi recomendado nessa ocasião pelo Rubio do Omnia Undique. E, curioso pela sinopse e pela revista na qual o mangá saiu (a quase sempre boa Ikki, casa de obras como Bokurano, Witches e Dorohedoro), coloquei o mangá na minha lista de futuras leituras. Pois bem, chegou a vez dela afinal.
O mangá começa nos apresentanto Susumu, um garoto sem muita confiança em si mesmo, que possui um irmão gêmeo (Tsutomu) que desapareceu anos antes. Porém, depois de muito tempo, Tsutumo reapareceu para seu irmão, mas desta vez ele está vivendo dentro do espelho. Agora Susumu precisa lidar com essa situação inusitada enquanto tenta retomar o contato com sua amiga de infância Sakura, que se afastou dele quando o irmão desapareceu.
Apesar da simples sinopse acima, o que poderia ser uma história qualquer de romance revela-se na verdade uma trama muito mais complexa, envolvendo bullying, mistério, traumas, triângulos amorosos, sexo forçado e alucinações. E qualquer semelhança com roteiros de Inio Asano (aparentemente) é mera coincidência.
A grande diferença entre SWWEEET e as obras de Inio Asano é a capacidade de abordar-se certos temas sem parecer forçado, sendo uma grande mérito do segundo e uma ausência gritante no primeiro. Por diversos momentos ao longo da obra, alguns acontecimentos se mostram destoantes do mundo relativamente real e crível (excetuando-se, claro, a existência de Tsutomu dentro do espelho) que a obra constrói; afinal, com que naturalidade se golpeia alguém querido com um bloco de cimento na cabeça? Com uma naturalidade Inio Asano que SWWEEET não transmite.
Mas talvez esteja sendo injusto e rigoroso demais, pois comparar com um gênio moderno como o Asano é uma grande covardia. Por isso destaco que a obra tem até aqui (primeiro volume) diversos pontos interessantes e bem trabalhados, como a existência de Tsutomu no espelho, que até aqui é bastante coerente, bem executado e logicamente aceitável dentro da obra, principalmente a julgar-se pela relação entre as personalidades tão diferentes dos dois irmãos. Toda a construção e o mistério que ronda essa situação é interessante o suficiente para manter o leitor buscando novos capítulos, e, mesmo que um pouco óbvia, a resolução desta questão proposta no final do primeiro volume é no mínimo interessante e reabre diversos leques de possibilidades que podem ser melhor trabalhados adiante.
Por algumas escolhas narrativas, os capítulos tem uma estrutura bem episódica e são quase independentes entre si, embora exista uma continuidade importante entre eles. A passagem de tempo muitas vezes abrupta entre um capítulo e outro é a grande causadora dessa sensação, que nos passa a impressão que estamos pulando partes importantes do enredo o tempo todo. Opção estilística ou falha narrativa? Acho que isso só será respondido no próximo volume.
Outra coisa que espero que também seja respondida é a construção psicológica de Susumo e Sakura. A personalidade de ambos parece um pouco estranha; da mesma forma que acontece com os capítulos, parece que nos falta diversas informações pra entendermos a motivação das atitudes tomadas por ambos, como o “sonambulismo” forte de Susumo, que parece ser esquecido tão rapidamente quanto nos é apresentado, ou as atitudes auto-destrutivas de Sakura.
Esse primeiro volume possui um grande potencial: há uma história aparentemente complexa, personagens (aparentemente) tridimensionais e um mistério interessante a ser resolvido. O cliffhanger do final do volume é um forte motivador para nos obrigar a ler o próximo volume. Espero sinceramente não me decepcionar.
Avaliação Final
Esse mangá é bem divertido, eu particularmente gostei. É forçado sim, mas eu gosto de coisas forçadas também =D
Mas não terá continuidade. Eu descobri a existência desse mangá e procurei lê-lo depois dessa (triste) notícia: http://www.animenewsnetwork.com/news/2011-10-12/manga-creator-kei-aoyama-passes-away-at-32
O autor se suicidou. Esse mangá é aparentemente a maior ou pelo menos mais famosa obra. Logo imaginei que uma história com essa sinopse escrita por um suicida deveria ser no mínimo interessante, e não me arrependi.
Ah sim, eu sei que não tem continuidade. Até porque, o final do segundo volume é até que conclusivo. Falarei dele amanhã, aliás.
Faz tempo que li e não me lembrava que eram dois volumes, só lembrava que era curto e na minha cabeça agora achei que fosse então um volume só. Desculpe pelo engano. Aguardo ansioso pela continuação amanhã o/