Acho que nem fica tão evidente isso pra quem companha o blog, mas só tenho frustração com a tentativa de criar uma coluna semanal e regular aqui no blog. Hoje em dia tenho o MangáComDoizinhoEmCima, que é um passo enorme pra mim, mas mesmo na época em que fazia 4 reviews por mês, nunca consegui fixar uma data pra publicar posts. Já tentei construir algumas ideias de colunas, mas praticamente todas falharam miseravelmente, sempre quis entregar conteúdo regular.
O Mangá Musical será mais uma tentativa… só que, quem sabe dessa vez um pouco menos pretensioso(?). A ideia é mais ou meno simples: ligar albuns de músicas com mangás que conheço. Essa ideia vem de uma não-tão-recente tentativa minha de tentar entender um pouco mais de música, de escutar coisas diferentes e desconhecidas. Quem me acompanha pelo twitter certamente percebeu essa minha jornada e esse meu redescobrimento musical realmente me deu vontade de escrever sobre o que escuto.
E diversas vezes quando escuta um album ou uma música, me lembro de um mangá de alguma forma, é normalmente dai que surgem os MMVs que faço. Essa série de posts será uma tentativa de uma certa viagem de auto-descobrimento e recomendações duplas de tentar entender porque certo album me lembra certo mangá. Só que eu quero fazer isso TODA QUARTA-FEIRA SEM FALTA, então às vezes eu explicar a ligação, às vezes irei escrever só um parágrafo, uma frase e às vezes só vou postar o mangá e o album, vamos descobrir testando.
Enfim, aqui vamos nós.
Pra começar essa nova coluna vou recomendar um album que conheci recentemente e simplesmente amei, é o “Love It Love it”, o primeiro album da banda de indie-folk, Nana Grizol. O segundo album do grupo, “Ruth”, costuma ser o mais mais comentado e é mais bem conceituado em geral, mas o que vou comentar nesse post simplesmente me fez lembrar muito de um dos meus mangás favoritos: Yotsubato!
Acho que numa primeira vista, o melhor mangá de Kiyohiko Azuma e o primeiro album dessa banda um tanto quanto desconhecida simplesmente encaixam. Nana Grizol exala a mesma felicidade reflexiva que a menininha dos cabelos verdes causa em seus leitores, uma espécie de contemplação de mundo e uma nova forma de ver tudo. Letras como “And the more that we share I guess the more that we grow // And we all became tiny rainbows” e “Sleep through the morning, deafly turn off alarms // Hey, it’s the summer Hey, it’s no harm” remetem ao mesmo sentimento de “carpe diem” do mangá, de tentar sempre enxergar não-cinicamente o melhor lado das coisas.
Pra ser sincero, liricamente falando, várias músicas tem realmente esse puro conceito de “aproveite o momento” e “ver o mundo de uma outra perspectiva”, que é muito evidente no mangá, mas uma boa quantidade das letras tem um certo ar pessimista se for analisar separadamente. Versos como
Your body’s been decaying all this time
And now it finally starts to show
And are you having second thoughts
About that path that you chose
ou
Being your ego and your id
The part that swears to you you’ll never want kids
The part that drinks away each night
And in the morning wakes at ten and goes to work
remetem muito mais à problemas pós-adolescente e me fazem é lembrar mangás como Solanin e MolesterMan, por exemplo. Então por que Yotsubato!?
O que conclui é que, apesar da poesia abstrata, que tende ao pessimismo em boa parte das músicas do album, a reflexão que elas trazem acaba se transformando em uma visão muito mais positiva, ou no mínimo conformista, do mundo, e isso é um efeito causado principalmente por conta da melodia. Apesar das letras extremamente reflexivas, Nana Grizol em geral é instintivamente feliz e traz um conforto pessoal.
Um ritmo até um pouco pop, de certa forma, e cornetas que constroem todo o pacing do album são unicamente felizes e fazem você ter uma visão diferente de todo liricismo, fazem você enxergar o melhor no pior. E o que soa mais “Yotsubato!” do que isso?
As letras me lembram as ações da personagem principal e, por outro lado, os solos de trompetes e tubas me fazem pensar nos lindos cenários do mangá. No geral sinto como se “Love it Love it” fosse a trilha sonora das reflexões que Yotsubato! me leva a fazer. É quase um “irmão gêmeo do mal”, me fazendo adorar e enxergar tudo de melhor que o nosso mundo tem a oferecer, enquanto penso e reflito isso em cima de como vivo a minha própria vida.
É isso, não achei uma forma melhor de terminar o texto, espero que tenham gostado da ideia e até semana que vem. (espero…)
gostei da ideia dessa nova coluna, embora eu não veja que tenha necessidade de ser semanal, e também é sempre bom recomendações de musica
Gostei dessa nova iniciativa, muito bem vinda, espero que consiga manter a regularidade da mesma
Esse Nana Grizol mexeu comigo, vou dar uma ouvidinha neste álbum. Quanto a coluna, como você parece gostar tanto de lidar com música e assimilá-las à mídia de mangás, é provável que a coluna vingue. No fim, a manutenção de uma coluna, tem muito a ver com a forma como o assunto em questão nos toca. É mais fácil de manter uma coluna quando tudo surge naturalmente em nossas mentes, sem grandes obstáculos. Tente ganhar um ritmo inicial que depois fica bem natural.
Cara, eu não sou muito fã de musicas, e realmente e muito dificil eu escutar algo enquanto leio (o que sei que muita gente faz) mas tbm já tive isso de escutar algo e me lembrar de um manga, ou algo do genero.
Hajime no Ippo mesmo sempre que leio toca uma musica na minha cabeça nas cenas de luta ou superação. As vezes quando acontece isso eu nem me lembro o nome ou onde escutei a musica, mas realmente fica parecendo que completa a cena.
Acho que e porque eu costumo viajar e imaginar as cenas em movimento, apesar de não acontecer sempre.
Achei uma iniciativa muito boa e inovadora. Acho que nunca vi uma coluna assim antes.
Bem interessante, assim como o Zigfrid, também evito escutar algo enquanto leio, mas sei lá porque, cismei de tocar a trilha sonora do jogo Braid enquanto lia Music of Marie, caiu como uma luva.
Então eu gostei da proposta do Manga musical,isto, usando uma velha frase e fazendo um trocadilho, vai dar samba.
Comentando inversamente a partir do segundo mangá musical,
ao contrário do ‘The Microphones’ conhecia o NanaGrizol, tanto do Love It Love It quanto do Ruth. Apesar de gostar infiinitamente mais do segundo álbum, o Love It Love It é um bom álbum e cabe perfeitamente com o trecho parafraseado ‘emotivo e aconchegante’.
Uma pena que pelo que vi o mangá tem 12 vols. e estou em uma época de contenção de mngás acima de um volume. Deixo uma questão, é válido um mangá desse tipo com tamanho número de vols.?
King Buddy Holly Eternamente ITs ALIVE, do Blog Filmes do Pato Morto.
Opa, obrigado pelos comentários e, bom… é complicado. Yotsubato é um mangás excelente, sem nem sombra de dúvida, tanto em arte, quanto em enredo, mas principalmente em fluxo de leitura.
Só não sei se a obra iria fazer seu tipo ou não, pode ser que caia naquele quesito de obra “gostosinha demais”, tenta ser tão feliz que fica um pouco bobo dependendo do gosto da pessoa. Mas olha, é um mangá extremamente episódico e não tem aquela desculpa de “só fica melhor depois do cap 200”, o que ele apresenta no começo é o que ele entrega até o final, só que com cenários distintos. Se achar ruim é só largar, acho que compensa pelo menos a tentativa.
Also, Ruth é superior sim, puta que pariu, Cynism é musica relaxante e impactante demais, só achei que Love it Love it encaixava melhor com o mangá.