Centaur’s Worries

Centaur’s Worries (ou Centaur no Nayami) é o primeiro, e até agora único, mangá do autor Kei Murayama. É uma obra publicação desde 2011, hoje em dia já junta 3 volumes e recentemente foi anunciada sua publicação em inglês pela editora Seven Seas Entertainment.

O mangá é facilmente classificado como fantasy slice-of-life e acho essa uma boa definição. Sendo o mais amplo possível, ele conta o dia-a-dia de uma garota centauro, coisas como a sua vida na escola, lidando com a sua irmã, com o seu futuro etc. O “fantasy”, no entanto, acaba vindo mais pela construção de mundo em si, já que além de centauros, também temos sereias, demônios, anjos e outros. Todos interagindo numa sociedade pacífica e muito parecida com a nossa, só que que alguns detalhes que fazem a diferença. (Argh, não comecei muito bem… acho que esse vai ser o mangá mais difícil de convencer de que é de fato tão quanto é, mas vamos lá.)

page-03Pra começo de conversa, a premissa do mangá é bizarra, admito. E não estou nem falando da existência de centauro-moe (fato que já elimina 80% de um público potencial), slice-of-life por si só já é um negócio difícil, não é sempre que contar o dia-a-dia comum de alguém se trona em algo interessante…. e agora sim, se esse alguém é uma centuaro, as coisas não ficam exatamente mais fáceis.

É foda, por mais interessante que seja a vida de uma pessoa, é complicado fazer o leitor se interessar pelo passo seguinte da história, sendo que ele já muito provavelmente sabe que nada demais vai acontecer. Claro que execução MUITO bem feita consegue esconder isso, vide Yotsubato! e Oyasumi Punpun (e alguns diriam K-ON!!, só que eu não sou “alguns”), mas por mais simplista que seja, o Slice-of-Life tem que ter algo além de construção e familiarização com personagens pra se sustentar. Em Beck o apelo é mais distante, saber se a banda vai dar em alguma coisa ou não, em Yokohama é algo mais imediatista, curiosidade de mundo pós-apocalíptico, e em Centaur’s Worries acaba se tornando o maior destaque da obra, o mundo.

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E sei que a impressão que possa ter ficado pelo ultimo parágrafo é de que Centaur’s Worries é só mais um slice-fo-life legalzinho com um mundo interessante, mas é tão mais que isso. A história demora uns 4 ou  capítulos pra pegar essa sensação, mas o cuidado e o planejamento para o menores e mínimos detalhes por esse mundo de criaturas fantasiosas é tão detalhista e tão bem feito, que se torna o espetáculo principal do mangá. A obra não se dá só ao trabalho de criar a evolução biológica que justifica a existência dos seres do mangá, mas também entra em detalhes que explicam minuciosamente como funciona a sociedade contemporânea com esses seres. Fica um pouco mais de fundo, mas tem até um certo apelo político inserido na obra.

Cria-se durante a obra, o conceito de aquela é uma sociedade parecida com a nossa, no sentido em que passou por um momento histórico em que houve subjugação de certos indivíduos por diferenças físicas, mas ali, alguns países já chegaram a um consenso de igualdade de direitos entre as raças. Então existe uma espécia de Lei de Aceitação Universal que obrigado todos os estabelecimentos a darem serviços à todo tipo de raça, o que complica a situação quando chega uma raça de um continente diferente na escola, criando várias situações exploráveis pelos slice-of-life.

O autor tem o cuidado de explicar até o óbvio que você nunca parou pra pensar, como por exemplo de que forma um centuro coloca uma calça, nada é deixado sem explicação. São todos esses detalhes que acumulados fazem a obra valer só por eles, você realmente fica com vontade de ler só pra conhecer mais desse mundo e como ele funciona.

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Mas espero que não tenha ficado a impressão de que todo esse contexto é feito pra compensar personagens fracos, ao contrário, os personagens só complementam o universo e o universo só auxilia no aprofundamento deles. Nem todos ali são extremamente profundos e realmente há um clichê ou outro de mangá solto no meio deles, mas mínimo não tem forçação de nenhum arquétipo moe clássico como tsundere. Há uma boa tentativa de realmente aprofundar alguns personagens específicos e o resto é pelos menos simpático ou familiarizável.

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Dito tudo isso, é também extremamente válido comentar que nem TUDO em Centaur no Nayami me agrada. Não há como negar que, apesar desse apelo de universo e de bons personagens, há um certo apelo moe para o nicho otaku. Não é algo que costuma me incomodar tanto, já que até que acaba fluindo bem no sentido de um slice-of-life, mas quando o autor fica forçando os personagens pequenos, que tem pouco envolvimento com a trama em si, fica simplesmente doce demais pra mim…. me dá diabetes.

Só não concordo com quem afirma que a obra tem um apelo fetichista e/ou sexual, digo, é claro que tem gente que deve gostar disso (sem tem gente que se masturba até pra Gretchen), mas o autor tenta fugir bastante disso. Porque se em alguns momentos a obra força o moe nas personagens, em outros ele te dá um tapa na cara e fala “Cara, isso aqui é uma garota com o corpo fisiologicamente e biologicamente igual a de um cavalo… é sério, não é divertido”. Ele não tem medo de mostrar a personagem principal totalmente nua, por exemplo, porque sinceramente não tem nada pra mostrar ali (a não ser um peitinho ocasional).

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Em resumo, essa é uma das obras atuais que mais estou amando acompanhar. Bons personagens, incrível e extremamente bem construído e detalhista universo, uma pequena e ocasional forçação de barra com o moe, mas nada que realmente atrapalhe e até combina bem com a obra na maior parte do tempo. Centaur’s Worries se tornou, pra mim, um contemporâneo-obrigatório, realmente acharia muito interessante se mais gente acompanhasse esse mangá que tem tanto a oferecer… por tudo isso que…

Eu recomendo: Centaur’s Worries

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9 comentários

  1. Essa ideia de mundo fantastico me lembrou MUITO Toriko. Pois eu leria Toriko so pelo mundo fantastico e culinaria. O resto e um atrativo a mais que funciona muito bem na obra, e a torna inclusive mais aceitavel.

    Pelo que entendi no que você escreveu o Moe do manga e exatamente para existir esta aceitação, apesar de que ele poderia muito bem funcionar sem este. Ou entendi errado?

    • Acho que a existência do moe vai um pouco além do “ara existir esta aceitação”, seria bem difícil imaginar o mangá sem o moe, não vou a ponto de dizer que ele é essencial à obra, mas ele está no mínimo muito bem encaixado ali no meio.

      Mas a ideia geral é exatamente essa, universo fantástico auxiliando o desenvolvimento de personagens e vice-e-versa, tudo para que o slice of life faça sentido e não seja monótono.

  2. Acabei achando esse mangá no batoto dia desses, minha primeira impressão quando vi a capa e a sinopse foi que era um mangá pra quem tem fetiche com essas coisa furry e tals, então logo pulei fora.

    Mas o post conseguiu me convencer, curto muito slice of life e coisas bizarras, então irei ler.

  3. Já tinha lido um volume, não consegui gostar, dropar.
    Engraçado como eu realmente adoro Monster Musume.

  4. judeu judeu judeu na boa n achei muito interresante a ideia n so la muito fã de slice-of-life so se fo comedia como danshi koukousei nichijou mais enfim sei la n me convenceu muito n eu gostaria q vc me desse 3 eu disse 3 bons motivos pra ler esse manga se vc me convence eu leio se n de certo eu jogo ele na minha enorme lista de mangas “ler antes de morre”

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