Outono de 2012: Code:Breaker

Como já é de costume, este é mais um post que se dedica a analisar algum mangá que ganhará anime na próxima temporada de animações japonesas (no caso, na temporada de Outono de 2012).

Neste post, analisaremos um mangá que possui vendas muito modestas, mas que possui um potencial visual considerável para se tornar uma animação de relativo sucesso. Hoje falaremos de Code:Breaker. Então vamos lá ler tudo o que você precisa saber sobre o mangá!


(Clique nas imagens se quiser ampliá-las)

Em publicação desde 2008 na Shonen Magazine semanal, o mangá é escrito e desenhado por Akimine Kamijyo e já passa dos 20 volumes. A autora (sim, este é mais um mangá shonen feito por uma mulher) já era famosa pela série Samurai Deeper Kyo, publicada na mesma revista.

No começo do mangá, Sakura Sakurakouji é a única que vê através da janela do ônibus um jovem queimando pessoas vivas, com uma espécie de chama azul. No dia seguinte ela retorna ao local para ver se encontra algo, mas não há nenhuma evidência do ocorrido. Mais tarde, ao chegar na escola, a classe de Sakura recebe um novo estudante transferido, e ela reconhece o aluno novo como sendo o garoto que estava queimando as pessoas do dia anterior.

Assim, Sakura descobre tratar-se de Ogami Rei, um “Code:Breaker” (Code:06, no caso), um assassino de uma organização secreta que trabalha para o governo, que existe com o propósito de eliminar bandidos e políticos corruptos. Enquanto faz seu serviço, Rei sempre declama sua versão pessoal da lei de talião: “Olho por olho, dente por dente, e o mal pelo mal“.

Primeiramente é válido ressaltar que as tramas que envolvem sociedades secretas trabalhando por debaixo dos panos do governo sempre chamam a atenção por padrão, e talvez esse seja o grande chamariz inicial do mangá. Com o tempo, porém, o roteiro altera um pouco o foco, deixando de lado essa conspiração e paranoia para se focar apenas nos personagens com poderes interessantes lutando entre si.

Embora o ponto de vista da história seja majoritariamente através dos olhos da Sakurakouji, indiscutivelmente o foco do mangá e do enredo é no Ogami Rei. Rei personifica um clássico anti-herói que não demonstra qualquer remorso ao matar suas vítimas, porém finge ser gentil na frente dos amigos comuns da sua sala de aula. Ao longo do mangá, ele se desenvolve de forma um pouco estranha e inconstante; o roteiro ora mostra uma evolução pessoal na forma como ele age e pensa, ora mostra a regressão do mesmo. E essa troca é constante e frequente, com espaços de poucos capítulos entre essas mudanças tão drásticas. Fica difícil julgar se era a intenção da autora mostrar essa inconstância na personalidade dele ou se é meramente um problema de narrativa, porém a impressão que passa é de um “desplanejamento” da autora nesse quesito.

Aliás, em capítulos mais avançados, a impressão geral é de que a autora já ultrapassou o limite daquilo que tinha planejado no começo da obra, e está improvisando muitos dos “plot-twists” que a obra apresenta, o que resulta em graves problemas estruturais da narrativa. Inclusive, a autora abusa de fazer pequenas revelações “bombásticas no final de praticamente todo capítulo, tentando fazer o leitor se prender mais a história e achar que tudo mudou drasticamente. No enquanto a maioria dessas “revelações” se revela pouco importante para o enredo, como por exemplo a subtrama do passado do Yuuki, Code:03, que é interessante mas nem um pouco relevante para o mangá.

Infelizmente esse não é o único problema do enredo de Code:Breaker. A trama do mangá parece andar em círculos, com ciclos constantes de “aparece inimigo, vence o inimigo, ele vira aliado para enfrentar o inimigo mais forte“, até um ponto em que amigos passam a ser inimigos novamente, reiniciando o ciclo. Talvez isso seja consequência de um problema idêntico a um dos problemas do mangá Katekyo Hitman Reborn!: a autora não consegue abandonar personagens antigos. Em vez de matar os inimigos/aliados ou fazer as “traições” serem permanentes, a autora faz um eterno jogo de cadeiras de “ora sou seu aliado, ora sou seu inimigo” enquanto o elenco só cresce.

E há uma forçação de barra tremenda no fato de quase todos os personagens que aparecem na trama pertencerem ao passado de um dos personagens principais. Em vez de termos uma impressão de um mundo em eterna expansão, fica mais parecendo uma grande “panelhinha” de personagens que não interagem com os outros fora dela.

Retornando aos protagonistas, vale ressaltar que Ogami Rei não é de todo mal; ele tem muitas cenas “massa véio(cenas feitas só para terem estilo e todos dizerem “massa, véio”), possui bastante estilo (com sua luva, o anel no polegar, pequenos detalhes interessantes) e poderes interessantes. Além disso, ele possui interações interessantes com alguns personagens, principalmente os outros Code:Breakers. Porém o que Ogami tem de interessante, a Sakura tem de chata e complicada. Em teoria, ela deveria ser a mais interessante do mangá, porém acaba sendo a mais sem-graça. Seus únicos momentos de brilho são quando o foco da história não está nela; quando o enredo resolve mostrar ela no centro dos acontecimentos, fica maçante.

Os outros personagens do núcleo principal (os outros Code:Breakers, majoritariamente) são muito mais interessantes que os protagonistas, principalmente por suas características peculiares, como a paixão de Yuuki por “nyanmarus“, a heterocromia de Toki (Code:04) ou as reações da Prince (Code:05) quando é elogiada. Além disso, os poderes desses personagens são muito melhor explorados que os de Ogami. Aliás, esse é um dos pontos mais interessantes de Code:Breaker: pegar poderes convencionais (fogo, luz, sombra, som, magnetismo) e explorá-los de formas diferentes e interessantes, como utilizar o magnetismo para controlar metal líquido ou utilizar o poder de controlar luz para acessar dados em uma fibra ótica.

Talvez o ponto mais legal da autora seja o character design. Praticamente todos os personagens relevantes para o mangá são marcantes visualmente; mesmo que você esqueça o nome de um deles, se lembrará do rosto, de que lado ele está (ou estava, da última vez que leu, já que eles mudam com frequência) e qual é o seu poder. O problema é que muitas vezes a autora exagera na originalidade dos personagens e cria neles manias e características absurdas e que são difíceis de engolir, como o presidente do conselho estudantil que usa uma roupa de Nyanmaru o tempo todo, ou o inimigo que “luta” com hashis (os pauzinhos para comer comida japonesa).

Além disso, uma característica chamativa do traço da autora é sua utilização constante de hachuras, que dão uma cara mais “suja” ao mangá. Isso é recorrente tanto nos personagens quanto nos cenários. Cenários esses que são bem simples e pouco marcantes, em contraste com os personagens, deixando bem claro que o foco do mangá está nos personagens e não na ambientação. Mas naquilo que é mais importante em um mangá de porrada, as lutas, a autora não nos deixa na mão e faz batalhas ao menos dinâmicas e interessantes, se focando menos em “poderes mais fortes” e mais em estratégias, o que torna a leitura válida para quem gosta de lutas diferenciadas.

Com o anime, é bem possível que ele encontre um público razoável, mesmo com um enredo que desagrade alguns (ou a maioria). Isso vai ocorrer principalmente pelos personagens marcantes anteriormente citados e pelos poderes interessantes. Há um potencial enorme para termos no anime muitas lutas interessantes e memoráveis, mesmo que as motivações sejam fracas e problemáticas. E como os trailers não estão ruins, pra quem gosta de animes de ação, Code:Breaker é uma boa dia (porém longe de ser essencial).

6 comentários

  1. Parabéns pela excelente análise!!!É um mangá que desconhecia, e após ler esse post, fiquei curioso apesar de todos os problemas citados!!!

  2. É triste lembrar como esse mangá era bacana no inicio. Acompanhava desde o capitulo 30 semanalmente, mas um tempinho atrás larguei. A coisa mais triste com mangás é a decadência da obra com o tempo, apenas para vc lembrar como no começo era bacana e promissor e hoje se tornou algo sem graça e maçante =/

  3. O problema desse manga é que(SPOILERS) após a luta do 4 contra o 6(ainda não sei por que ele carrega esse número se ele já é o mais forte)a história se tornou algo muito arrastado…Um outro ponto negativo é que os personagens são piores que power Rangers em termos de poses,mas isso é bobagem.
    Mesmo assim acredito que ele ainda será muito valorizado no futuro.

  4. Interessante overkill, hein. Aparentemente Code:Breaker será só 1-cour(só não tenho certeza se 12 ou 13 eps ainda), então isso de o enredo começar a andar em círculos não é muita preocupação.

    O primeiro episódio foi totalmente “como o manual exige”, nada de surpreendente ou realmente tedioso, só genérico. Então, se as lutas forem como você falou, mais estratégia do que powerlevels, deve valer a pena. Talvez.

  5. acompanho essa serie faz pouco tempo mas ele esta um pouco parado na trama dps do centesimo manga,de fato,e um pouco ruim tirando isso as lutas vem melhorando tanto os poderes como as estrategias usadas por esses usuarios apesar de mts poderes e mts personagens diminuiu a inclusao de outros personagens inclusive alguns ja morreram mas pra terminar isso acredito mesmo lenta essa trama ela esta sendo bem trabalhada em seu decorrer no final isso que importa pra tds.flw

  6. mensagem do futuro: a tal sakura vai ser tão irritante nesta tecla de não matar que vai tentar salva estupradores, assassinos de crianças e serial killer.
    mesmo sendo um trauma de morte só toki tem firmeza para falar umas boas verdade para esta garota sem noção, particularmente estava conseguindo ler o manga e acho tudo mediano mais ao avançar da historia fui ganhando ódio.

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