Corrente de Reviews é a roda de masturbação da blogsfera manga/animística brasileira. O projeto foi idealizado pelo Didcart do Anikenkai, o nome é auto-explicativo, se quiser ver o resto do pessoal que participou, segue o link.
E finalmete chegou a minha vez de gozar… de todo o meu conhecimento em mangás para analisar a obra recomendada pleo amigo Nintakun, lá do Mangás Cult, lugar de onde talvez grande parte do público tenha conhecido o blog e que foi um dos grandes incentivadores para eu começar a minha própria jornada de ~blogueiro~.
Após passar fazer seu TCC de rotina sobre Lain, o Saudosista-do-Anos-80/Mestre-em-Friendzone anunciou a sua recomendação para mim: Buraiden Gai, do extremamente controverso Nobuyuki Fukumoto.
A obra foi publicada no ano 2000, na magazine shounen favorita do Estranho, a Shouen Magazine, da Kodansha. Possui um total de 5 volumes não publicados em nenhum outro lugar do mundo, menos o Japão obviamente, então pode baixar o scan com um pouco menos de peso na consciência.
Vou ser sincero aqui, quando recebi a obra que deveria resenhar na Corrente de Review fiquei um pouco bravo e decepcionado. Queria um desafio, queria que alguém sacaneasse com o nome do blog e me fizesse analisar alguma obra bem mainstream, queria escrotizar One Piece ou fazer um post sério sobre os motivos de achar Bleach ruim. O engraçado é que até cheguei a comentar com o próprio Nintakun no twitter, que não tinha gostado da recomendação que me deram, fico imaginando o que ele pensou de mim naquele momento, sei lá, queria ser surpreendido.
Além da minha desavença pessoal não relacionada com a obra especificamente, já tinha escutado falar mal de Buraiden Gai, mesmo nas próprias reviews no Manga-Updates, tratam essa obra como um “Shounen de porrada clichê”. Enfim, fui totalmente descrente (e isso pode ter tido um efeito na minha opinião final), mas fico feliz em dizer que fui surpreendido por completo, este é mais um clássico extremamente bem trabalhado do mestre em desenvolvimento psicológico, Nobuyuki Fukumoto.
Começamos a obra no meio de uma perseguição a um garoto com uma cicatriz no rosto, Gai, que aparentemente realizou uma série de assassinatos, o fugitivo foi finalmente cercado e agora está enfrentando uma barreira de policiais. O que esperaríamos de um mangá comum é que agora, depois de termos o anti-herói encurralado pela polícia, veríamos o garoto super-poderoso ressurgir e ultrapassar a barreia, felizmente não é isso que acontece. Gai resolve parar e escutar o que o policial tem a dizer, momento em que observamos um debate de ideais e uma batalha de convencimento muito emocionante por parte do policial, o mangá já começa com um certo carácter psicológico válido e apesar do contexto absurdo, o nível de realidade é mantido muito bem no chão.
Enfim, essa primeiro debate é extremamente interessante e realmente faz o leitor encarar com vontade os próximos capítulos de construção de plot e contexto. A história começa pra valer quando, por motivos que não irei citar, Gai é levado para uma espécie de reformatório, cenário onde o autor irá mostrar pra valer o que ele consegue fazer de melhor: psicológico.
De todos os mangás do Fukumoto que li, Buraiden Gai é o que consigo mais facilmente colocar no gênero Terror-Psicológico. O autor, que é mais conhecido (além da arte feia) por trabalhar drama-psiclógico (principalmente em Kurosawa), realiza um trabalho fantástico pra fazer o leitor encorporar as sensações de destruição mental dos personagem, ficamos literalmente aflitos e desconfortáveis durante a leitura.
Me lembrou bastante mesmo o primeiro Jogos Mortais (antes de virar aquela merda), só que num aspecto mais voltado para conflitos mentais gerais dos personagens, do que da tortura que estão sofrendo naquele momento específico. É como se fosse uma mistura de Jogos Mortais com…. Oyasumi Punpun num certo aspecto (deixem sua imaginação voar livre).
Uma coisa que não gostei muito (não, não foi a arte, ela combina perfeitamente com a mensagem que o autor quer passar), foram os últimos momentos da obra. Não vou passar spoilers, mas a impressão que ficou foi a de que faltou ousadia pra fazer o que é o melhor para a obra, teve um desenvolvimento tão grandioso pra terminar daquela forma? São só algumas páginas, não desmereceu a obra por completo, mas realmente ficou um gosto um pouco azedo no final, provavelmente (?) fruto de alguma decisão editorial.
Um último detalhe interessante (foda-se, eu acho interessante), é que apesar da decepção inicial, quando cheguei na metade do mangá, eu já tinha certeza de que só podia ter sido o Nintakun que me recomendou esse mangá, é muito a cara dele. Digo que fico eternamente grato pela recomendação, provavelmente estaria agora falando dos furos de enredo de Bleach se não fosse por ele, e é por isso que…
Eu recomendo: Buraiden Gai.
Continuando a Corrente de ReOlhares, o blog que peguei pra recomendar um anime foi o Another Werehouse , do Eduardo Ketsura. Acho que provavelmente a maioria das pessoas que leem este blog não conheçam o Ketsura, eu mesmo não conheço ele, só sei que é um garoto apelidado de Rei do Moe e que assiste mais horas de animes (ruins) do que existem num dia. Por isso resolvi recomendar algum anime bem pseudo e cult, pra ver se adiciono em alguma coisa a variedade do garoto.
A minha recomendação inicial era Kaiba, do meu diretor favorito Masaaki Yuasa, mas como não tinham legendas em PT-BR (Porra fansubs! Que merda é essa?! Vamos arrumar essa porcaria), tive que mudar e escolhi The Tatami Galaxy, também do gênio do Yuasa. É um anime beeem alternativo que já resenhei por aqui e adoraria ver a reação e opinião do Ketsura sobre ele, nem que seja só pra criticar o quão errado ele está.
Me interessei, vou ver se consigo arrumar pelas scans americanas e TENTAR traduzir.
Então, ALGUM scan que já esqueci, já tava traduzindo e tava com uma periodicidade. Acho que era o Mafia.
Saudações
A concepção e fluxo desta história lembra-me bastante aquilo que pude ver em Kaiji, nobre rapaz. Não vejo problemas no traço ser feio, desde que o mesmo tenha uma harmonia plena com a história e sua ambientação.
Felizmente, notei isso em Kaiji. E pelo jeito, tu notaste isto em Buraiden Gai. Estas histórias de teor mais psicológico não querem abraçar a causa rotulada pelo final bonito ou por outras circunstâncias que podem ser entendidas como [mais humanas] ou [mais corretas]. Estas obras querem, na ponta, sugar o que pode de nosso senso de interpretação sobre aquilo que se está lendo (ou vendo).
Achei esta obra interessante. Estou em um tipo de processo de ver/ler obras que variam mais do meu gosto pessoal e, talvez, este título por ti analisado entre em minha listagem.
Ótimo texto, rapaz.
Até mais!
“Após passar fazer seu TCC de rotina sobre Lain, o Saudosista-do-Anos-80/Mestre-em-Friendzone”. Melhor alcunha impossível!! AHAHAHAHA
Confesso que faltou ousadia da minha parte na recomendação, eu poderia ter pegado mais pesado, mas (infelizmente) não tive essa ideia e peguei algo que eu achei que você gostaria de ler e de divulgar para os seus leitores, então peguei um mangá bom curto de um autor que é um dos meus favoritos e fico feliz que tenha gostado da recomendação. 😀
Buraiden Gai é um mangá bem interessante. Não chega nem perto de ser um dos primores do autor (dentre os que li dele, pelo menos, ainda tem bastante coisa do Fukumoto que não li ainda), mas ainda assim é uma ótima obra. A história me agradou de primeira quando li por causa dessa premissa de “homem tentando provar a sua inocência” e se passar dentro de uma prisão em sua boa parte nesse clima de “sobrevivência”. (além é claro, de eu gostar do que esse cara escreve)
Sobre o fim, não acho que foi necessariamente falta de ousadia ou algum tipo de decisão editorial, considerando o final de outras obras dele (parte 1 de Kaiji por exemplo, apesar de ser um final um tanto “chocante”, eu achei que poderia ter sido mais completo), é mais o que o Carlírio comentou aqui também, é uma história pra fazer o leitor refletir e interpretar aquilo, e creio que o final, apesar de um pouco corrido, tenha sido feito com essa intenção também.
Ótimo texto, espero que a partir dele, o pessoal vá atrás de Buraiden Gai e, consequentemente, das outras obras do cara! 🙂
HUE Se você só passou Tatami Galaxy pro Ketchup porque tinha em portugues, foi uma decisão infeliz porque pelo o que dizem a legenda do anime em pt/br é horrível.
Ótimo post, não vou dizer que com toda a certeza lerei este mangá, porque não é certo ainda, mesmo que eu goste do autor devido a Kaiji e Akagi, mas valeu a recomendação e o texto.
Quanto a Kaiba, esse seria um desafio e tanto para o Ketsura e apesar de todas as críticas possíveis e impossíveis que possa fazer ao fansub o Piracicaba97 legendou este anime em PT/BR (ou quase isso) e foi assim que conheci pela primeira vez a séria, embora eu tenha abandonado o fansub nacional depois de 2 episódios.
Eu tinha Kaiba no meu Plan to Watch do animelist e depois de ler seu post até me desanimei pensando que ia ter que ver em inglês e que provavelmente deixaria escapar algo mas aí dei uma procurada pelo google e achei links em Português. Você poderia ter recomendado.
Quanto a Buraiden Gai me parece bem interessante, pretendo ler, mas Kurosawa e Kaiji são prioridade.
De qualquer forma, excelente texto.
Galera, vai no site anbient que tem Kaiba em ótima qualidade (MKV) legendado em PTBR.
E adorei o post, Judeu. Já disse que adoro a forma como você escreve né? E ainda me despertou vontade de conhecer esse mangá. Tive o primeiro contato com o Fukumoto no anime de Kaiji, e sinceramente fiquei tensa com aquela primeira temporada. O cara é foda, foda, foda, foda em construir tensão, em deixar quem está vendo aquilo, tenso. O cara é envolvente pra caralho. Ao menos, Kaiji, consegue ser melhor que muita coisa metida a clássico de suspense que tem por ai. Enfim, eu já planejava ler algo dele, acho que chegou o momento. E ao que parece, começando em grande estilo.
Grande review Judeu!
Gai é um bom mangá. Como o Nintakun disse, não é o melhor do autor (De todos dele que eu li é o segundo mais fraco), mas isso não tira o mérito da série.
Eu acho que Gai acaba por não ser tão estrondoso pois nele Fukumoto não consegue fazer o seu melhor. Veja bem, Kurosawa é muito bom pela reflexão, pelo drama provocado pelos longos e belos monólogos do personagem que nos fazem derramar lágrimas masculinas; Ten (Que eu considero como sua masterpiece absoluta) é onde Fukumoto mais consegue ser Fukumoto. A atmosfera que o autor consegue criar, fazendo o leitor perder o fôlego e dando um ritmo frenético á leitura, adicionado ás grandes estratégias e plot-twists bem bolados, é tudo muito perfeito. Depois de dar toda essa volta, o que eu quero dizer é que Gai não tem nada disso. Ele tem reflexões profundas e um grande teor psicológico, mas ele deixa o leitor querendo mais (ou pelo menos eu, não sei).
Mas enfim, Gai não deixa de ser uma ótima leitura, além de uma boa porta de entrada para o universo de Fukumoto Nobuyuki.
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Só um shounen de porrada? Cara, o M-U só serve como “TokyoTosho” de mangás, o resto…
O que eu mais gostei em Gai é que é tipo uma história de redenção, porque tem esse menino que é um “projeto de NEET”, que queria ser independente da maneira errada, e aprende a aceitar e gostar das outras pessoas. Aquela parte em que ele levanta a mão e engole todo o orgulho dele, é chocante demais. É basicamente um resumo visual do que eu quero dizer.
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