Coo’s World é um mangá de 2 volumes, escrito e desenhado por Hideji Oda, terminado de ser publicado na revista Afternoon da Kodansha no ano 2000.
Hayashi Renei é um garota de 13 anos que está prestes a entrar no fundamental (ou sei lá como essa merda funciona no Japão) e está muito ansiosa e preocupada com o que pode acontecer daqui em diante, nesta nova etapa em sua vida. Essa ansiedade toda na verdade vem da triste notícia que recebeu faz não muito tempo, o seu irmão mais velho faleceu. Este terrível abalo mexeu tanto a garota, pois devido ao falecimento prematuro de seu pai, o irmão com mais de 10 anos de diferença de idade sempre serviu como uma figura paterna e melhor amigo da menina.
Um dia, logo antes de cair no sono, Renei deseja que pudesse ver o seu irmão mais uma vez, e quando acorda na manhã seguinte ela está num mundo totalmente bizarro cheio de monstros esquisitos e física non-sens. Neste mundo, pra “grande” surpresa de todos, a garota encontra o seu irmão, o problema é que o homem, que diz se chamar Coo, não reconhece a menina de lugar nenhum, muito menos como irmã. No dia seguinte, Renei acorda novamente em seu quarto e percebe que foi tudo um sonho, só que esse simples sonho irá se repetir toda noite, confundido a menina e revelando grandes mistérios.
Este mangá é uma mistura muito interessante entre o episódico e o sequencial. A história possui um tema geral que é construído vagarosamente a cada capítulo e que acaba culminando em um plot-twist empolgante no final, mas os capítulos funcionam muito bem separadamente também. É quase como uma mistura bizarra entre Inception e Kino no Tabi.
A quebra do conceito do que consideramos “realidade”, é algo que se repete várias vezes na obra, por exemplo. É algo que vai se construindo durante o mangá, algo que pega com tudo naquilo que acreditamos e naquilo que baseamos as nossas vidas, faz o leitor realmente parar pra pensar: “E se eu sonhasse mesmo sonho todo dia? O que diferenciaria isso da realidade?”. Uma construção delicada que passa quase despercebida durante a leitura.
Isso é possível porque essa é uma construção feita através de capítulos quase episódicos, lembra mesmo essas historias com episódios independente como Mushishi ou Kino no Tabi. Lembra pelo carácter de histórias independentes, mas lembra ainda mais pelo estilo narrativo de ter o objetivo de passar alguma mensagem, positiva ou não, por meio de metáforas. É homem que tornava seus sonhos em realidade em Mushishi, a cidade em que todos podiam escutar os pensamentos de todos em Kino no Tabi e o monstro que só conseguia dar um passo por dia em Coo’s World, cada um com uma mensagem a passar e que será interpretada de forma muito pessoal por cada leitor.
Pra falar a verdade, e agora isso é algo mais opinativo do que qualquer outra coisa, mas pessoalmente achei que as histórias independentes muuuito mais interessantes do que o enredo por trás de todas elas. Há um plot-twist relevante e interessante que vai se construindo durante a história, mas ele perde um pouco da magia quando comparado com essas metáforas geniais criadas elo autor. Senti que talvez tenha faltado um pouco de ousadia por parte do mangaka, ousadia pra provocar e fazer o leitor ultrapassar as suas barreiras conceituais nessa parte final. É uma pena mesmo, este mangá poderia ser um “The Music of Marie” se não fosse por esse grande detalhe no final. Mas de novo, isso é muito opinião (relevante) minha, tenho certeza de que muitos irão ler e pensar diferente sobre esta obra. De qualquer jeito, o mangá falha um pouco sim, estruturalmente falando, com o que se propõe a fazer no começo.
A arte acredito que também irá dividir opiniões entre as pessoas que lerão este mangá. Pessoalmente acho fantástica, o cenário e a habilidade de materializar ideias criativas por parte do autor são fantásticos. Consigo enxergar algumas pessoas não se sentindo muito satisfeitas com o character design, a impressão que as vezes fica é que todo mundo é feio, mas isso é só um pequeno detalhe, totalmente ofuscado pela ótima ambientação e contrastes criados entre o Mundo de Coo e o Mundo Real.
Enfim, tá aí uma obra também sem scan em português que duvido que alguém aqui tenha lido, só pra quem tava reclamando que eu não tava falando de nada “underground” ;D. Um ótimo mangá, com histórias que vão mexer com o seu interior (no bom sentido) e fazer pensar e talvez re-pensar alguns conceitos de vida. Falha um pouco no final, mas certamente vale a pena, com certeza…
Eu recomendo: Coo’s World
Interessante o post, mas até semana que vem, com mais Naruto.
Que comentário maturo e cheio de opinião embasada e profundidade.
Realmente, estou muito decepcionado, não esperava algo deste nível vindo no Ketsura.
É a falta de inspiração.
O problema não é recomendar mangás bons, o problema é recomendar mangás bons e curtos. Ou seja, foda-se você.
Zueiras à parte (e já deixando aqui o comentário da triste escolha de título do autor, que provavelmetne nem tem ideia do que Coo é em português), parece algo interessante. Esse conceito de “episódico mas com enredo” é o melhor estilo de histórias episódicas, pois evita você cair na mesmisse e rotina chata que muitos mangás criam. Joguei na minha lista.
E olha aí o que a gente vive falando: fui ver no MangaUpdates e os scans terminaram o mangá faz mais de um ano (e tem o primeiro volume a uns 3 anos). E tem gente que fica aí reclamando de não ter o que ler, ou perde tempo lendo Reborn!
Gostei do post. Mais uma vez o senhor Judeu me interessou a ler um mangá que eu nem sequer sabia que existia e esse parece ser o um mangá interessante acho que vou ler essa bagaça.
O mangá parece ser bom mesmo. E citar Inception e Kino no Tabi já é apelo, lol. Enfim, ótimo texto.
Ôpa! Grata surpresa! Mais um título pra lista. Judeu mais uma vez com títulos curiosos. Que venha Naruto! Rsrsrs.
Tem algum site com scans PT-Br???