Verão de 2012: Kingdom

Este será o segundo e último post de crítica a mangás com anime programado para a temporada de Verão de 2012 no Japão.

Como dito no post anterior, a julgar pelas imagens da série, a maioria das histórias parece conter ao menos uma mulher com alguma conotação sexual (os famosos peitos balançando, roupas justas e coisas do tipo). No entanto, a série que falarei neste post vai por um caminho totalmente diferente; essa série é um seinen, com nenhuma atenção específica para a figura feminina, e com uma ação intensa e violenta.

Neste post, falarei sobre o mangá Kingdom.


(Clique nas imagens se quiser ampliá-las)

Publicado desde 2006 na antologia seinen semanal Young Jump (que pode-se chamar de “irmão mais velho” da Shonen Jump, no que diz respeito a público), Kingdom está ainda hoje em publicação e já conta com mais de 25 volumes. Seu autor é o novato Yasuhisa Hara, cujo único feito relevante antes de publicar Kingdom foi ser assistente de Takehiko Inoue, autor de Slam Dunk, Vagabond e REAL.

Kingdom se passa na China, no chamado Período dos Reinos Combatentes (de 476 A.C. até 221 A.C.) que compreende a segunda metade da chamada Dinastia Zhou. Fazendo um paralelo explicativo, a dinastia Zhou é a mesma dinastia que Taikobou e seus amigos ajudaram a iniciar no mangá Houshin Engi. O mangá nos apresenta dois jovens órfãos, e praticamente escravos, que vivem nesse período e desejam um dia tornarem-se famosos generais chineses.

Os dois jovens são Xin e Piao e, buscando alcançar seu sonho, treinam lutas entre si todos os dias, estando quase sempre empatados no número de vitórias. E seguem suas vidas calmamente até um político/general ver os dois treinando e decidir levar apenas um deles (Piao) para ajudar o atual jovem rei, Ying Zheng. A partir desse momento, os dois jovens se vêem envolvidos na luta de Zheng para evitar o golpe de estado de seu irmão mais novo, e assim começam a trilhar um longo caminho para a glória, em busca de tornarem-se generais.

Infelizmente Kingdom sofre do mesmo mal do mangá do post anterior, pois também encontra-se com poucas traduções (atualmente com praticamente 2 volumes traduzidos). Porém, com o pouco que temos, já é possível fazer algumas observações. E a primeira observação é sobre as diversas semelhanças entre Kingdom e o mangá Vinland Saga (comentado brevemente no podcast Mangás Essenciais: Shonen Magazine).

Figura não tão normal assimKingdom é ambientado em um mundo real (China antiga) e nos traz diversos acontecimentos e personagens reais (o próprio jovem rei Ying Zhen viria a se tornar Qin Shi Huang) interagindo com personagens fictícios, característica essa também compartilhada com o autor de livros Bernard Cornwell (ótimo, por sinal). E, embora esteja ambientado nesse mundo crível, temos diversas pessoas com características um pouco “não-humanas”, seja a força descomunal, seja o estilo de luta ou vestimenta, ou seja a presença de alguns movimentos em luta absurdos. E o curioso é que as características citadas neste parágrafo também descrevem Vinland Saga.

O mangá é favorecido por um ótima arte do autor; embora ele opte por fazer personagens com aparência voltada para os traços mais característicos do mangás em vez de se voltar para um realismo maior (que é o que o autor de Vinland Saga faz), ainda assim sua habilidade de caracterização é tremenda, e não há do que duvidar da beleza do traço utilizado nos personagens. E por outro lado, os seus cenários buscam um realismo muito maior, e nos trazem ótimas ambientações e cenários belissimamente detalhados (essa característica sim igual a Vinland Saga). E o mais incrível disso é Kingdom ser um mangá semanal!

O roteiro não fica nem um pouco atrás da arte do mangá. Desde a construção do drama a partir já do primeiro capítulo, até as apresentações gradativas dos personagens, a construção de um cenário político, a apresentação de pequenos plot-twists… Tudo isso está presente e extremamente bem executado nessa obra, que desde o primeiro capítulo já nos direciona 100% para o caminho que o roteiro seguiria nos próximos capítulos.

Um fato que achei curioso de relatar é sobre as cenas de luta presentes na obra até aqui. Curiosamente elas tem um quê de fantasiosas, embora se foquem em uma lógica “real”, que busca se assemelhar a do nosso mundo. Poderia comparar esse estilo ao de Rurouni Kenshin (Samurai X), embora seja bem mais contido do que este último. Essas mesmas lutas “fantasiosas” possivelmente serão o que irá atrair uma grande parte do público para animação, que já tem todas as armas necessárias para fazer ótimas cenas de ação.

Eu disse que as cenas de ação são curiosas pelo fato de estarmos falando aqui de um seinen, que classicamente possui um público mais adulto e menos propenso a se empolgar essas cenas de ação quase “shonen”. Mas analisando friamente, é um estilo que condiz muito com a revista Young Jump; essa antologia não é famosa por suas histórias super elaboradas e conteúdo maduro. Obras como Gantz, Nononono, Elfen Lied e Zetman são exemplos de obras com uma pegada levemente mais jovial que o clássico seinen, e levemente mais adulto que os clássicos shonen. E por isso Kingdom tem algumas características básicas necessárias para atrair todo um público novo que não se aventurava em revistas seinen, mas que adoram ação.

Os maiores contratempos para esse possível sucesso são as ambientações e nomes chineses (que particularmente sempre tive problema para memorizar) e a levemente complicada explicação política das motivações (ao menos do primeiro arco). Porém um público disposto a encarar esses dois “problemas” (entre aspas pois nenhum diminuiu em nada a obra) será recompensado com uma ótima série de mangá e potencialmente uma boa animação.

5 comentários

  1. Mais um mangá que parece interessante, mas que não tem scans. Tomara que o anime anime as scanlators (às vezes, gosto de anime só por fazer isso).

    Ótimo post, continuem assim. E o topo do site, homenageando o Urasawa, está muito bom.

  2. Essa animação me dá esperanças de que os gringos continuem a tradução do mangá, pelo menos. Boto fé que faça sucesso, tem tudo para agradar.

  3. Acho que no br.mangahost, mas não tenho certeza… eu leio em inglês assim que os gringos traduzem… mas depois qdo sai eu o leio em pt tambem. ^^

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