Uma nova estação se aproxima e com ela uma nova temporada de estreias de animes. Como iniciado na temporada passada (Primavera de 2012), este blog trará algumas críticas com o intuito de apresentar os mangás que originam os animes.
Infelizmente esta próxima temporada, a do Verão de 2012 (lembrando que é a estação japonesa, aqui estaremos no inverno) existem poucas obras que particularmente considero relevantes. Parece que 90% da lista (que você pode ver neste post do Nahel Argama) é composto pelos animes mais esteriotipados possível. Poucos se salvam desse bolo.
Portanto, nesta temporada optei por falar de apenas dois mangás. E o primeiro deles chama-se Natsuyuki Rendez-vous.
(Clique nas imagens se quiser ampliá-las)
Publicado inicialmente em 2009 na desconhecida antologia josei (revista voltada para jovens mulheres adultas) Feel Young, da igualmente desconhecida editora Shodensha, Natsuyuki Rendez-vous acompanha o jovem Hazuki, que trabalha meio-período em uma floricultura e é apaixonado pela jovem viúva Rokka, proprietária do local (motivo pelo qual ele se oferece para trabalhar lá). Os problemas começam quando Hazuki descobre que no local ainda vive o espírito do falecido marido de Rokka e somente ele consegue enxergá-lo. O fantasma não está nada feliz com os avanços de Hazuki, e tentará atrapalhar o relacionamento entre ele e sua ex-esposa de qualquer forma.
Infelizmente com poucos capítulos traduzidos (exato um volume dos quatro que compõem a obra completa), Natsuyuki Rendez-vous não enrola no que é de fato o foco do mangá: o romance. Embora com algumas características estéticas que se assemelham muito ao shoujo, a autora Haruka Kawachi foge do lugar-comum de um romance lento, que vive em grande parte em um demorado período de incerteza. Talvez por acompanharmos o protagonista masculino (que por sinal, é bem decidido e ativo), todo o glamour típico de mangás de romance é reduzido, e particularmente considero isso um ponto positivo.

Outro assunto interessante levantado pela obra é a tristeza do falecido marido. No mundo real, os que sentem e choram por falecimentos são apenas os vivos; na obra, no entanto, Shimao (o marido) sofre de uma perda tão ou até mais dolorosa quanto a dos vivos: ele está lá, ao lado de sua amada, e não consegue se comunicar com ela, não consegue tocá-la. E a única pessoa com que ele consegue se comunicar é com o pretendente de sua esposa. É um drama muito interessante, com algumas passagens que visualmente beiram o patético (como ele fazendo caretas quando Hazuki tenta conversar com Rokka) mas que carregam uma enorme tristeza palpável.

Resumidamente, a autora do mangá teve uma boa ideia de roteiro e desenvolveu um enredo satisfatoriamente; ela inclusive incluiu as flores como um semi-perceptível pano de fundo para todo o enredo. Porém, infelizmente, a capacidade artística dela fica devendo. Nas mãos de um artista competente, a lógica visual da interação entre as flores e os acontecimentos dos personagens poderia ser linda e memorável. Mas não vou julgar a obra pelo que poderia ser, e sim por o que ela é. E infelizmente ela é uma obra com um traço nem um pouco marcante e permeado pela incompetência da autora em desenhar flores, pois nenhuma flor que apareceu na história até agora foi bonita de se ver. Inclusive, seus personagens também são bastante esquecíveis visualmente, e muitas vezes desenhados com um desleixo decepcionante.
Há uma possibilidade que o estúdio de animação consiga suprir esse grande problema da obra; dar uma simbologia maior e mais bem detalhada para as flores (e para os personagens também, por que não?), acompanhando a boa ideia que o enredo desenvolve. E torcemos para que a animação também faça as traduções saírem mais rapidamente, para conhecermos logo o desenrolar dessa interessante mas não tão bela história.
Eu gostei do traçado da autora, foi o que me chamou a atenção, antes mesmo de ler a sinopse. É algo bem pessoal, mas gosto desse traço que parece estar faltando algo, que não é comercialmente bonito. Acaba sendo uma característica que marca. Mas estou falando por alto, não pretendo ler o mangá por enquanto, mesmo porque eles só devem apressar o ritmo com a estréia do anime >_<
Entendo seu ponto. Também me agrada um traço diferenciado (até citei Ping Pong, que tem um traço estranhíssimo, em um post recente), mas aceito quando é um traço mais autoral do que um traço que aparenta ser amador.
No caso específico dessa autora me pareceu mesmo uma mistura de amadorismo com pouca vontade. Uma coisa meio Togashi; quer só passar a ideia geral, não quer fazer algo super detalhado.
Mas no fim tudo se resume a gostos mesmo.
Acho que podemos esperar um belo anime de romance, algo que a tempos não víamos. Fiquei com vontade de dar uma lida no mangá, mais pela curiosidade. Gostei da história, me lembrou Dona Flor e seus dois maridos (hahahah, releve isso). Eu gostei um pouco do traço, bem diferente.. Traços diferentes do comum às vezes me atraem, principalmente em joseis/shoujos.. Imagino que estúdio ficará responsável, aliás, vi uma imagem no MAL e achei bem bonito ^^
http://myanimelist.net/anime/13585/Natsuyuki_Rendezvous/pic&pid=38181
Poxa, essa imagem do MyAnimeList está linda! Como o Estranho disse, será bom o estúdio ficar responsável por suprir a simbologia das flores.
Primeiramente, parabéns pelo post. Fez comentários bem relevantes sobre as possibilidades de adaptação da obra, evitando fazer apenas um review sobre um mangá que seria adaptado. Quanto ao traço, não achei ruim, com exceção das flores, claro, que ficaram bem estranhas nessa página que mostrou, mesmo. Se não fosse por isso, talvez nem estivéssemos falando sobre uma possível mediocridade do traço dela.
Agora, é estranho a autora escolher justamente algo que não sabe desenhar muito bem como um dos elementos principais de sua história. Estou lendo Shingeki no Kyojin, por exemplo, e fica claro para mim que o autor é péssimo em anatomia. Portanto, nada melhor para se usar em suas histórias que titãs, totalmente deformados e com uma anatomia propositalmente bizarra. Bem, eu só precisava fazer esse comentário, mesmo. Agora me dou por satisfeito.
[…] do noitaminA [se bem que mesmo o público-alvo deste blog está algo ressabiado quanto a um Natsuyuki Rendezvous da vida] a ausência de um Kingdom, tudo contribui para termos uma temporada algo […]
Essa é um dos que irei acompanhar (o outro é o das cartas ~esqueci o nome). Você falou do traço.mas,eu não o achei tão ruim. Claro que se ele for pouco marcante, o estúdio fará melhor. A autora de Natsume Yuujinchou desenha uns rabiscos esteticamente feios, e o estúdio Brains supriu essa falta (o roteiro vale mais que o traço,em muitos casos). Btw,estou ansiosa por essa estreia. Preciso de um slice of life pra melhorar as minhas semanas ^_^
Não parece que as flores estão ligadas ao marido morto (como um luto)…? Você citou os fundos de flores e essa foi a primeira coisa que me veio à mente…