Nesta série de posts, falamos sobre alguns mangás que terão sua adaptação para anime estreando na próxima leva, a da Primavera (japonesa) de 2012. O objetivo é apresentar o mangá (muitas vezes pouco conhecido) para o grande público de animes, aproveitando o interesse que sempre surge nessa época.
Este segundo post da série falará brevemente de uma dos seinens de maior sucesso no Japão dos últimos anos: o mangá sobre astronautas Uchuu Kyoudai!
Comum hoje em dia, a conquista do espaço é o foco aqui nesta história. Uchuu Kyoudai é publicado semanalmente na Morning, antologia seinen da Kodansha, famosa por títulos como Vagabond, Giant Killing, Planetes, Billy Bat, entre outros. Seu autor é Chuya Koyama, e é o primeiro sucesso do mesmo. Atualmente encontra-se com 16 volumes.
O mangá acompanha dois irmãos Nanba (Uchuu Kyoudai significa “Irmãos do Espaço”), Mutta (mais velho) e Hibito (mais novo), que fizeram uma promessa juntos quando eram jovens: após avistarem algo que consideraram um OVNI, as duas crianças prometeram se esforçar para se tornarem astronautas e poderem viajar pelo espaço. Anos depois, em 2025, ano em que se passa a história, Mutta está na casa dos 30 anos e trabalha com engenharia de automóveis, enquanto seu irmão Hibito se tornou um astronauta bastante famoso. Mutta é demitido após ter algumas desavenças e dar uma cabeçada em seu chefe, fato este que o queima totalmente na indústria automobilística, o impedindo de arranjar qualquer trabalho.
Agora desempregado, Mutta vê aí a possibilidade de cumprir a promessa com seu irmão, e decide se inscrever para tentar virar astronauta. Porém ele já começa com desvantagem em dois pontos: sua idade mais avançada que seus concorrentes, e a sombra de seu irmão bem sucedido, que acaba fazendo todos colocarem altas expectativas nele.
Muita gente dirá que esse enredo de histórias espaciais está na moda atualmente (como vimos com a franquia Kamen Rider fazendo o Kamen Rider Fourze, e a Shonen Jump e a Shonen Magazine tentando emplacar títulos como ST&RS e Star Children, ambas um fracasso), mas o que pouca gente sabe é que foi justamente Uchuu Kyoudai que reavivou essa paixão pelo espaço nos japoneses. E o sucesso é tão grande que além do anime, também ganhará uma adaptação live-action para o cinema, a estrear em Maio de 2012.
Mas qual é o motivo de tamanho sucesso? Infelizmente temos pouquíssimos capítulos traduzidos para uma língua de maior acesso (tem 10 capítulos em inglês, pouco mais de um volume), e portanto fica difícil fazermos análises mais profundas, mas podemos falar do que conhecemos do mangá, e em poucos capítulos Uchuu Kyoudai já mostra a que vem.
Não é novidade pra ninguém que as pessoas busquem um “conforto” em histórias de ficção que não conseguem encontrar na vida real; é um local comum para estravazar as frustrações. E o Japão, que tem uma cultura bastante rígida e que oprime muito as pessoas, é comum vermos “válvulas de escape” em forma de mangás e animes (e isso explica a quantidade de Moe disponível). Uchuu Kyoudai trouxe para esse público um conforto bastante desejado pelos adultos: a realização de um sonho de infância.
Muita gente quando criança já tinha imaginado tudo o que queria ser e fazer de sua vida, porém as circunstâncias nos guiam para caminhos muitas vezes distantes de nossos sonhos originais; e é exatamente isso que aconteceu com Mutta. E assim, poder ver alguém correr atrás de seus sonhos mesmo depois de velho é reconfortante para a maioria dos adultos que não vivem os seus sonhos. Assim, Uchuu Kyoudai tem o básico para cativar o seu público seinen efetivo.
Mas ainda vai além: Mutta precisa lidar com a grande expectativa a seu respeito gerada pela fama de seu irmão; e qual sociedade moderna tem uma forte cultura de grande pressão e expectativas altíssimas para a vida e o destino de seus cidadãos? Pois é, tem muitos que crescem cercados pela pressão dos pais para conseguirem se formar num colégio bom; depois lidam a pressão dos chefes para concluir ou melhorar seu trabalho; e às expectativas familiares de ter dinheiro para manter a casa… esse cidadão tem dois caminhos: se revoltar contra o sistema, e buscar sair dele através da morte (daí a alta taxa de suicídios) ou através da marginalidade (e aí esse cara vai comprar a Young Champion), ou lidar com essa pressão e buscar sobreviver à ela. Esses últimos buscarão o abrigo em séries que o conformem ou que o recordem de momentos bons de seus passados, e é aí que Uchuu Kyoudai também ataca as pessoas.
Vale ressaltar que mesmo estando no futuro e lidando com a temática de espaço, Uchuu Kyoudai não é um mangá de ficção científica; como explicitado acima, o foco aqui não é mostrar naves ultra-modernas e explicar o funcionamento científico de máquinas, e sim toda a história de superação e perseguição de sonho do nosso querido Mutta. Tudo isso a passos bem módicos e lentos, pensando mais num desenvolvimento gradual dos personagens, e sem a pressa comum em shonens. E embora o texto possa ter dado a impressão contrária, o personagem do Hibino é bacana, e ele não é culpado da pressão que Mutta sofre; aliás, ele é seu principal incentivador.
E a conquista do espaço? É só um segundo plano pra uma bela história de vida.
Ótima apresentação, pena que o mangá tem tão poucos capítulos traduzidos.
A série da Primavera de 2012 ainda continua?
Continuem com o excelente trabalho. 😀
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