E chega o momento de mais uma sugestão de leitura semanal!
Dessa vez, a sugestão será de uma obra de apenas um volume (e excelente, para garantir o seu final de semana) do mangaká Inio Asano, que acaba de estrear no mercado brasileiro com o excelente Solanin, lançada por aqui pela L&PM. No entanto, nossa sugestão é de outra obra, um dos trabalhos mais intrigantes do autor, que difere dos demais por ir além da retratação de vidas comuns e apresentar uma trama tão densa que muitas vezes faz o leitor se questionar se o que ele está lendo está realmente acontecendo. Estamos falando de Nijigahara Holograph.
Conheci o trabalho de Asano Inio através de uma de suas mais aclamadas séries (e minha preferida) Solanin. Embora curta, achei a obra tão fantástica que não pude deixar de conferir outros trabalhos do mangaká. Foi então que conheci Nijigahara Holograph, e me surpreendi totalmente. A série possui apenas um volume, sendo escrita e desenhada por Inio, e foi lançada em 2003, publicada na revista Quick Japan. E o bom é que é possível encontrar scans completos da série, tanto em português quanto em inglês, é só procurar!
Diferente de todas as suas demais obras, que eu viria a conhecer depois, mas cuja temática seria muito mais parecida com a de Solanin, Nijigahara Holograph não apenas retrata fragmentos de vida do dia-a-dia de seus personagens como possui um enredo tão intrigante e denso que chega a deixar o leitor perdido, mas, ao mesmo tempo, totalmente imerso na história.
Sinopse
Após sobreviver a uma tentativa de suicídio, Suzuki, um estranho garoto que parece querer distância dos demais a sua volta, inicia uma nova vida escolar, conhecendo outros jovens tão intrigantes quanto ele. Komatsuzaki, o delinquente da sala, pratica bullying em um dos outros garotos, junto de seus amigos, e, por várias vezes, passa dos limites. Arakawa, uma criança normal, é apaixonada por Komatsuzaki, mas que não consegue fazê-lo esquecer da jovem Arie, que está em um coma profundo após ser jogada em um poço quando participava de uma perigosa brincadeira com seus colegas de classe.
A história desses e de vários outros personagens é contada através de acontecimentos no dia-a-dia dos mesmos, na época atual, que se intercalam com as lembranças de dez anos atrás, quando a maioria deles ainda eram crianças. O estranho comportamento apresentado por alguns deles se mistura às revelações de como essas pessoas estavam relacionadas umas às outras no passado. Todos parecem estar envolvidos, de alguma forma, em uma trama que se revela cada vez mais relacionada à estranha história de um “monstro” vivendo em um dos túneis da cidade e que seria responsável pelo fim do mundo.
Porque Ler
Como já disse, diferente das demais histórias de Inio, essa não mostra apenas acontecimentos comuns da vida dos protagonistas. Embora tenhamos partes que apresentam o cotidiano dos personagens, retratado de uma forma bastante sombria, isso está lá apenas para que possamos conhecer a eles e as situações nas quais eles se encontram antes de vermos os mesmos totalmente imersos na intrigante trama que se desenvolve. Essa, por sua vez, é bastante confusa e, como o próprio título sugere, ficamos sem ter certeza de que o que vemos está realmente acontecendo daquela forma ou se é apenas a forma como os personagens estão enxergando a situação.
Para começar, o fantástico traço de Asano Inio consegue dar à história toda a profundidade que ela pede e ajuda na imersão do leitor, devido ao detalhamento de todos os elementos gráficos. Mas o prazer de se ler Nijigahara Holograph vem dos momentos em que passamos a compreender a verdade por trás dos acontecimentos, e quando temos aquela sensação de que estamos descobrindo algo grandioso, ficando apreensivos quanto às respostas que ainda virão e se elas mudarão nossas teorias; porque é impossível ler essa história sem especular o que virá a seguir ou qual a razão por trás dos acontecimentos. A satisfação da descoberta fica ao lado da apreensão que sentimos quando algo parece se mostrar diferente do que imaginávamos (o famoso plot twist), o que acontece com bastante frequência. Um gesto tão simples como um personagem aparentemente pacífico agindo de forma violenta sem demonstrar emoção alguma já nos faz questionar tudo o que pensávamos sobre ele e imaginar as situações que virão a seguir.
Essa é uma obra que deve ser lida mais de uma vez. Mas isso não é um ponto negativo, de forma alguma, já que uma segunda ou terceira leitura já nos traz uma visão totalmente diferente das coisas e se mostra bastante válida. Há quem não tenha gostado da série justamente por sua narrativa confusa. Mas uma leitura cuidadosa mostra que tudo é revelado na hora certa e do modo certo para que o enredo se mostre ainda mais profundo. Afinal, assim como as revelações de Nijigahara Holograph, as descobertas da vida não acontecem de forma linear, não é mesmo?
Li há pouco tempo esse mangá, e não consegui parar de ler até terminar. Confesso que não entendi tudo que queria entender, e já estou vendo na agenda um espaço pra uma ou mais novas leituras, mas vale a pena dar uma conferida nesse maravilhoso mangá desse maravilhoso autor.
Estou adorando as recomendações, que venham mais. õ/
Terminei de ler a obra agorinha. Foi uma ótima experiência. Tava precisando de uma obra como essa do Asano.
É impressionante a forma como me senti preso na história, me importando com cada um dos personagens… A forma como todos se relacionam no final é que me impressionou mais ainda.
E que plot twist…..!!! PQP! É como você disse; ter a sensação de estar presenciando uma descoberta muito importante. Fez com que eu me sentisse parte da obra.
Ótima recomendação!
[…] Após sobreviver a uma tentativa de suicídio, Suzuki, um estranho garoto que parece querer distância dos demais a sua volta, inicia uma nova vida escolar, conhecendo outros jovens tão intrigantes quanto ele. Komatsuzaki, o delinquente da sala, pratica bullying em um dos outros garotos, junto de seus amigos, e, por várias vezes, passa dos limites. Arakawa, uma criança normal, é apaixonada por Komatsuzaki, mas que não consegue fazê-lo esquecer da jovem Arie, que está em um coma profundo após ser jogada em um poço quando participava de uma perigosa brincadeira com seus colegas de classe. (Fonte: Ao Quadrado) […]
Acho q não entendi o capítulo final (aliás, acho q entendi), mas se entendi, então o autor fez uma tremenda burrada no roteiro.