Uma escondida obra prima dos mangás: Gon.
Este é um mangá que conta, de forma episódica, as diversas aventuras de Gon, um dinossauro bebê que de alguma forma conseguiu sobreviver à extinção e agora vive, junto com vários animais de nossa era, interagindo com eles, salvando eles, ou até condenando eles e destruindo completamente todo o ecossistema, seja ele a floresta, a savana ou até mesmo o deserto. O mangá ganhou um prêmio por excelência no Japan Media Arts Festival e devido ao grande sucesso, seu personagem principal teve uma participação no famoso videogame Tekken 3, no qual o dinossauro ficou famoso por ter um dos ataques em forma de flatulências (ato que alias nem uma vez foi praticado na obra escrita).
Gon surpreende logo nas primeiras páginas, com um personagem principal caricato e totalmente irreal ilustrando a capa da obra, esperamos que a arte do mangá seja igualmente humorística, não preciso nem dizer o quão chocado fiquei ao abrir e me deparar com imagens como as que estão ilustrando esse post, praticamente obras de arte de realismo.
Todos os animais (exceto o personagem principal é claro) e cenários são retratados de forma extremamente bela e realista, claro que na maioria da obra o autor se da a liberdade de mexer com as expressões dos personagens, principalmente com os olhos, de forma a muitas vezes dar um ar mais humorístico á obra, mas este é um trabalho necessário, já que no mangá inteiro não tem nem se quer um palavra escrita, seja narrador, balões de fala, ou até mesmo onomatopeias, nada é escrito em Gon, tudo é mostrado.
Este sim é o principal motivo de eu considerar o mangá uma obra prima, toda a narrativa é feita puramente por imagens, é mangá na sua forma mais pura possível, alias, espero que você não esteja pensando que isso tornaria a narrativa mais fácil porque não precisaria se preocupar com diálogos, por favor não seja ingênuo. A capacidade para criar um mangá assim é possuída por muitos poucos, o autor tem que fazer o leitor fixar na página, ler quadro por quadro e não ficar pulando cenas.
Acho que uma boa comparação, pra mostrar o quão isso pode ser feito errado, é com as cenas de ação do mangá de Naruto, acho que a maioria das pessoas que lê esse mangá, assim como eu, concorda que as cenas de luta são praticamente incompreensíveis, isso se tornou algo tem chato e desnecessário que ao ler o mangá o leitor acaba por somente passar os olhos rapidamente nessas cenas, a inutilidade dos quadros se prova tão grande, que mesmo só nesse passar de olhos a compreensão do enredo continua possível.
Em Gon o exatamente oposto ocorre, se você cair na tentação de fazer essa “leitura rápida” no mangá, mesmo com o carácter episódico da obra, você rapidamente irá se deparar em situações em que você não sabe como nem porque o personagem está lá. Todo e cada quadro em Gon tem quer ser “lido” e interpretado, atenção especial também deve ser dada às expressões dos personagens, só assim pode ser lido. Falando aqui, acho que esse tipo de narrativa ficou parecendo um pouco chata, mas é simplesmente genial, apesar dessa atenção necessária pra quadro, os quadros são grandes e belos e a leitura flui muito fácil e agradável, é possível ler todos os 7 volumes em uma sentada na cadeira só facilmente.
Assim como na maioria dos mangás episódicos (Ryo em Bartender ou Ginko em Mushishi), o personagem principal é um dos maiores atrativos no decorrer da trama. Apesar de em início termos um certo repudio pelas ações egoístas e as vezes puramente más de Gon ( até cheguei a pensar que ele seria um crítica em miniatura da devastação do homem na natureza), mas logo depois somos também apresentados a vários capítulos no qual o dinossauro ajuda os animais, mesmo que esses também sejam egoístas, e no final das contas nós acabamos por criar um afeto por esse bravo e mesquinho dinossauro. Interessante isso, que mesmo bem sorrateiramente, o personagem principal acaba por ter sim uma certa evolução e desenvolvimento.
A sensação que temos durante a maior parte do manga é realmente de um mangá “gostosinho”, ficamos olhando com bastante atenção os grandes painéis do mangá, boquiabertos com a arte, não é um mangá no qual você irá gargalhar de rir, no lugar você soltará um grande sorriso que permanecerá com você mesmo depois de terminar de ler.
Enfim, o mangá o foi lançado por aqui, e adivinhem qual seria única editora que teria a coragem de trazer uma obra dessas pra cá? Pois só mesmo a Conrad, no entanto você também só tem uma chance de adivinhar se ela lançou o mangá completo. Pois só mesmo a Conrad, infelizmente só 3 volumes foram publicados, mas isso não é tão ruim, devido a própria natureza dos capítulos independentes do mangá, então se encontrar por aí, não hesite em comprar.
Em resumo, Gon é um ótimo mangá que qualquer um deveria ler, seja pra se impressionar pela arte ou se apaixonar/irritar com o simpático/apático dinossauro, Gon simplesmente vale a pena sua leitura! Só leia de uma vez! Porque….
Eu te recomendo a obra prima: Gon
Depois compro, relaxa.
Esse contraste “realismo” vs “caricato” me lembra um certo manga muito bom por ai, é o tipo de coisa que cai muito bem aos olhos.
Vou dar uma conferida, só tinha lido os da Conrad enquanto estava sentado na banca, acho que ele merece algo mais.
Opa, essa sim é uma obra prima. A versão da conrad é linda, mas é extremamente chato o fato deles não terem concluidos. Li qdo lançou e agora graças a seu avatar no twitter lembrei de ler os outros, só que gosto de ler cada historinha esporadicamente, pra deixar o mangá completamente com a função de válvula de escape mesmo.
A arte é sem comentários, Gon já mereceria ser premiado só pela ousadia do autor na forma narrativa.
Novamente, seu auto controle me imprecisona XD.
Acho que o melhor modo de ler Gon provavelmente é desse jeito mesmo, aos poucos pra obra não ir perdendo o efeito de obra “relaxante”, mas eu pessoalmente nunca conseguiria fazer isso, ia ficar muito ansioso pra saber o que vai acontecer na próxima história.
Amigo, sua recomendação veio na hora certa.
Há uns anos atrás eu lembro que tinha lido “de bobeira” na internet uns dois capítulos do mangá (Sei lá, eu deveria ter uns 14 anos e tava sem o que fazer na hora) e lembro que tinha ficado embasbacado com a capacidade do autor de fazer um mangá que não possuía texto algum, isso é algo que realmente poucos conseguem fazer (fazer bem, aliás, porque é bem como você comentou citando o exemplo do Naruto aí, tem cenas de mangás de luta que eu simplesmente passo por não ter tanta importância para a história ou por não entender o que realmente aconteceu).
A arte do mangá é mesmo de babar. Tô aqui maravilhado com as imagens que estou vendo, sério.
Ótimo review! Lerei o mangá acho que hoje mesmo ou amanhã.
Grande resenha seu Judeu, eu sou um feliz proprietário dos 3 volumes que ganhei de aniversário de um tio que comprou por causa da capa e devo admitir a mesma me afastou do mangá por um tempo. Um dia resolvi abrir e ler e fiquei muito impressionado com o que li, achei uma obra maravilhosa e apesar de ainda saber que nunca será publicada na integra e uma obra incompleta que me alegra ter na estante.
[…] aqui também, um link para um review do amigo @ojudeuateu, sobre este curioso mangá que não tem falas, que é Gon. Share […]
[…] Julho de 2008 foi anunciada uma animação coreana totalmente feita em 3DCG do manga Gon de autoria de Masashi Tanaka; o manga, famoso por conseguir misturar um personagem principal […]
[…] do Mangás Undergrounds sobre o quadrinho que deve ter um minuto da sua atenção. Basta clicar AQUI e ver o que provavelmente não existirá nem 10% no anime. […]