Antes de mais nada, vamos quebrar alguns tabus aqui do blog. Acredito eu que uma boa porcentagem de quem acompanha o Mangás Undergrounds só leia mangás e muito raramente veja animes (eu mesmo costumava ser assim). Isso provavelmente é fruto da gigante leva de animações que chegam e que simplesmente não merecem nossa atenção. Mesmo dentre as animações, quando encontramos alguma boa ela não chega a ser diferente, cult e muito menos undeground. No entanto, ultimamente tenho assistido uma leva de animes e, aos poucos, estou aprendendo que talvez exista algo como um “anime underground”.
Esta animação é um longa-metragem de 1h e 44m, animado e produzido, em sua maioria, pelo Stúdio 4ºC, com direção do aclamado diretor Masaaki Yuasa. O filme fez sua estréia no Japão em 7 de Agosto de 2004 e sua recepção desde então foi espetacular. Acalmado pela crítica, ganhou o prêmio de melhor animação no “Japan Media Arts Festival”, mas a sua maior realização, foi ter ganhado os prêmios de “Melhor Filme”, “Melhor Roteiro”, “Melhor Direção” e um prêmio especial de “Realização Visual” no FanTasia de 2004 em Toronto, um dos maiores e mais bem elogiados festivais de filme da América do Norte.
Fazendo uma sinopse bem livre, o filme trata sobre Nishi, um jovem adulto que na sua infância e adolescência sempre amou a Myon, mas nunca teve a coragem de se confessar, até o dia em que eles se reencontram, e após ir até o restaurante do pai da garota, um grande acontecimento ocorre com todos os presentes .Dali em diante, Nishi, Myon e Yan (irmã de Myon), passam por vários acontecimentos que os fazem passar por epifanias e auto-descobertas que são apresentadas para nós por meio de um festival de cores, arte moderna e animações nunca antes vistas. São cenas e cenas de encher os olhos de qualquer expectador.
Sinopse um pouco confusa, admito, mas estou tentando passar a menor quantidade de spoilers possível. Na verdade, o melhor mesmo seria ir ver o filme sem saber nada a respeito.
O que posso falar? Confie em mim.
Mind Game trata, das formas mais inimagináveis, do tema mais clichê dos animes: a continuação da vida. Seja em Naruto, Dragon Ball ou qualquer outro grande sucesso da animação japonesa, sempre vemos essa supervalorização da vida. “Continue”, “nunca desista”, “aproveite”, constantemente somos bombardeados com essa premissa de que a vida vale a pena e que devemos curti-la ao máximo. É o bom e velho carpe diem.
O problema é que nunca nos dão motivos para tal ato. A santidade da vida é sempre tomada como verdade absoluta. Por que demos viver? Qual o motivo pra vivermos a vida ao máximo? Em Mind Game essas perguntas não são respondidas, afinal de contas, ninguém pode responder, mas ao menos os questionamentos são feitos. São feitos e mais do que isso, são refletidos em tom de igualdade com o expectador.
Alguns podem até falar que o filme é “viajado” e que Masaaki Yuasa em meio a uma mistura maluca de entorpecentes criou esse longa, mas acho que toda essa animação maluca e cheia de cores é mais uma tentativa de causar esse efeito de auto-descoberta no expectador também, e, pra falar a verdade, acho que o filme consegue passar essa sensação com maestria. Depois de terminar de ver o filme, fiquei vários minutos sem saber o que falar, perplexo, olhando o meu próprio reflexo na tela do computador. O sentimento que tive foi o de ter nascido de novo. Parece exagero, mas realmente foi uma sensação única.
Sinceramente, acho que não estou conseguindo passar concretamente a sensação que tive ao ver o filme, talvez porque seja impossível. Mind Game é simplesmente a animação mais diferente e inusitada que eu já tenha visto. Certamente um refresco pra você que está de saco cheio das mesmas coisas sendo apresentadas, temporada após temporada. E pra você que até já desistiu da animação japonesa, considere-se despreparado.
O Mangás Undegrounds recomenda: Mind Game.
http://bakabt.me/130015-mind-game-h264-368p-kaa.html
A câmera tem uma perspectiva bem oblíqua -como pude ver no trailer- ,além duma animação psicodélica e distorcida que nos convidam ao "nonsense".É uma forma do que o mostrado 'nas telonas' nos convidar a reflexão de uma forma bem amalucada num mundo repleto de variadas e "excêntricas" referências ao pop-art.Pode soar pretensioso,mas é no mínimo chamativo.
Estou amando seus comentários aqui amigo, bom ter pelo menos alguém que comente algo que preste sobre as coisas que recomendo por aqui.
Que bom que esta interação até aqui tenha lhe recompensado de alguma forma!Estou lendo descompromissadamente outros artigos anteriores e comentando,pois os temas também parecem pertinentes e instigantes.Enfim,também estou curtindo. 😉